Onofre Ribeiro
Deixei passar o mês de abril pra escrever um artigo sobre os 300 anos de Cuiabá. Ou melhor, sobre Cuiabá aos 300 anos e o seu futuro. Passou o furor do aniversário. Gosto de me lembrar que cheguei a Cuiabá numa distante terça-feira calorenta do dia 24 de agosto de 1976. Vim trabalhar na área de imprensa do governo Garcia Neto, em meio a sucessivas crises políticas com o Sul de Mato Grosso. Eram as pendências por conta do espírito divisionista vigente.
Cidade pequena. 100 mil habitantes. Hoje tem mais de 500 mil. O centro era aconchegante, mas acanhado. A periferia era pequena no entorno do centro. População calma, amena e receptiva. Rapidamente senti-me cuiabano. Guardadas algumas restrições mais por conta de ser pau rodado do que por preconceito. Logo estava integrado e amando a cidade que detestei no primeiro momento.
O governo do presidente militar General Emilio Garrastazu Médici decidiu em 1971 que era preciso ocupar a Amazônia, por razões estratégicas que não cabe discutir neste artigo. Optou-se em 1971 por dar continuidade ao espírito de interiorização iniciado com Brasília a partir de 1960. Pavimentou-se as rodovias BR-364 de Goiânia-Rondonópolis-Cuiabá e a BR-163 de Campo Grande-Rondonópolis-Cuiabá. Trouxe a Universidade Federal e o primeiro linhão de energia elétrica de Cachoeira Dourada em Goiás até Cuiabá. A energia na capital era totalmente deficiente.
A ocupação da Amazônia trouxe migrantes do Sul, do Sudeste e do Nordeste em grande escala. Cuiabá saiu dos 100 mil para 232 mil habitantes em 1980. Em 1979 Mato Grosso do Sul se separa de Mato Grosso. Cuiabá rejuvenesce. O prefeito Rodrigues Palma tivera entre 1975-1979 uma profunda visão estratégica e repaginou a cidade pros momentos que viriam a partir da divisão do Estado.
O resto é História. Aos 300 anos a cidade é uma profunda e inevitável promessa de capital de um núcleo de civilização em que se transformará Mato Grosso nesse futuro próximo. O advento do agronegócio e sua expansão extraordinária desde 1980, a chegada crescente a agroindustrialização e desdobramentos anunciam um mundo novo nascendo. Não há como impedi-lo. Nem mesmo a profunda incompetência de sucessivas gestões públicas na capital e no governo estadual.
Cuiabá será a capital dessa civilização humana diversificada, econômica, política e civilizatória!
Encerro este artigo anunciando sua continuidade, mas deixando a convicção de que falta mesmo é planejamento e capacidade de antevisão política ampla em todos os níveis. Ou, no mínimo, não atrapalharem o futuro!
Cuiabá agradecerá!
PS : meus 4 filhos cresceram em Cuiabá, seis dos meus netos e 3 bisnetos estão em Cuiabá. Enraizados!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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