Luís Carlos Nigro
Participei, nesta segunda-feira (30), da coletiva de imprensa do lançamento do Seminário de Transporte Multimodal de Mato Grosso “Ferrovias: o Brasil passa por aqui”. O evento será realizado no próximo dia 06, na sede da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt). A discussão é antiga e o cenário de exportações imensamente maior. Nesses trilhos, entretanto, precisa passar a verticalização da nossa produção, como tanto almejava meu primo, o saudoso Dante Martins de Oliveira.
Em seu segundo mandato de governador, Dante criou programas como *‘Mato Grosso, É Hora de Investir’*, que ofereceu apoio para o desenvolvimento da agroindústria na região Centro-Oeste. A agregação de valor à produção foi a tônica dos debates sobre o processo de desenvolvimento de Mato Grosso na década de 90 e, até hoje, segue sendo assunto premente.
A verticalização é uma tendência irreversível, diante das posições tão promissoras que Mato Grosso possui. Para se ter uma ideia da potência agrícola em que nos tornamos nas últimas décadas, a previsão é de que sejam colhidas mais de 31 milhões de toneladas de soja nesta safra; mais de 24 milhões toneladas de milho, mais de 20 milhões toneladas de cana de açúcar; mais de 3 milhões toneladas de algodão e 514 mil toneladas de arroz. Os números são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE.
Não bastasse o cenário expressivo da agricultura, a pecuária de Mato Grosso também desponta em âmbito federal. Temos o maior rebanho bovino do Brasil, com mais de 30 milhões de cabeças de gado. A ‘Pesquisa Pecuária Municipal 2016’, do IBGE, também revela que o Estado possui mais de 63 milhões de cabeças de aves e mais de 2,5 milhões de suínos.
Embora vivamos um cenário de desindustrialização no Brasil, precisamos recriar um ambiente favorável para o setor. E Mato Grosso pode ser protagonista nesse processo, por meio da aplicação de uma política adequada de incentivos fiscais. A indústria no Brasil já representou 30% do PIB, hoje encontra-se em menos de 14%. O agronegócio caminha para 25% do PIB nacional. Cresceu uma média de 3.8% ao ano nos últimos 22 anos. Mas a indústria continua a cair.
Portanto, é chegada a hora de deixarmos o modelo extrativista importado da coroa portuguesa. Precisamos virar essa página do desenvolvimento regional, considerando o posicionamento estratégico que o Estado possui para o continente, sendo mais fácil exportar daqui para qualquer um dos “nuestros hermanos”. Por isso, é fundamental tratarmos de outro assunto, a logística.
Atualmente, Mato Grosso é refém, quase que exclusivamente, do modal de transporte rodoviário. A maior parte da produção é exportada para o hemisfério norte, onde os principais consumidores se localizam. Tal fato, aliado ao deslocamento dos centros produtores para a região Centro-Norte do país, indicam a necessidade de mudança nessa lógica. É preciso consolidar o ‘arco norte’. Escoar pelo norte do país é o caminho mais perto para acessar os grandes mercados, especialmente o Chinês. E, para isso, precisamos de investimentos.
Sendo as ferrovias um modal de transporte mais barato - estudo realizado pela Universidade Catarinense revelou que o custo do frete via ferrovia é de U$ 5, ao passo que por rodovia é de U$ 22 – precisamos fazer os trilhos da Ferronorte saírem de Rondonópolis com destino à Cuiabá. Essa ferrovia transporta anualmente 15 milhões de toneladas de grãos e farelo, tem como projeto em 2025 estar transportando 35 milhões de toneladas.
E pode exportar muito mais, quando ligar futuramente à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), em Lucas do Rio Verde. Esta outra, por sua vez, deve ligar a Ferrovia Norte e Sul ao Peru. Sem deixar de citar a Ferrogrão, que ligará Sinop a Itaituba/Miritituba (PA). Precisamos destravar esses projetos, conseguindo as licenças necessárias. Se Deus, a população mato-grossense e na convenção do PSDB de Mato Grosso entenderem que esta será minha missão na Câmara Federal, vou trabalhar para honrar não apenas o nome de Dante, mas de cada cidadão mato-grossense. *Mato Grosso, é hora de investir!
Luís Carlos Nigro é empresário em Mato Grosso, foi presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, secretário adjunto de Estado de Turismo e é pré-candidato a deputado federal pelo PSDB.


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