Sonia Fiori
O clamor do movimento caminhoneiros, sim “movimento” e não propriamente “greve”, porque os efeitos foram bem mais além, ecoou nos rincões deste Brasil afora e se incorporou às linhas de defesa da justa política social.
No fervor do movimento, protestos foram realizados pedindo mudanças também à nociva carga tributária e isso sem falar do retorno em serviços que caiu há muito tempo no abismo sepulcral da inércia do Poder sobre deveres previstos na Constituição.
Mas no decorrer desse movimento também vieram os efeitos: primeiro o desabastecimento, depois a descrença em mudanças por uma considerável parcela da tolerante sociedade, a ira de analfabetos funcionais e alienados além dos que vivem alheios à importância da política, mas que ficam insatisfeitos aleatoriamente com altas nos preços em geral.
Lembro-me de uma crítica que ouvi nos últimos dias sobre o movimento de uma jovem: “viu no que deu essa greve? Agora aumentou tudo”, reclamava sem ao menos ter feito um só ato em favor da suplicada revisão da política que impõe a desesperança. Pelo menos é esse o sentimento da camada que mais paga impostos neste país. A título de exemplo, experimente abrir uma empresa, caros.
Em relação a jovem, sequer compreendia o teor da luta. Estava preocupada com seus afazeres particulares e distantes de uma causa social, afinal, o individualismo é míope e possui a dádiva de mascarar a realidade. Ela estava focada no giro natural daqueles que veem a política como objeto de desprezo, sendo assim, algo que representa tudo, menos seu envolvimento.
O relato da tal jovem causa calafrios aos que, subjugados pela ordem de “reativação” da economia oriunda no Palácio do Planalto, e verdadeira perseguição aos proponentes do movimento caminhoneiros (com aparato total das forças do Poder), esmoreceram, mas não se permitem desistir.
A força dos que evocam mudanças há de se sobrepor ao mundo dos que padecem na mais profunda ignorância sob domínio, ainda, dos que ceifam sonhos.
E ao contrário do que apostam representantes da má política, está lançada a reação nas urnas.
"Podes cortar todas as flores mas não podes impedir a Primavera de aparecer", frase atribuída a Pablo Neruda.
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