Alfredo da Mota Menezes
Num encontro recente em Cuiabá, ministro de infraestrutura da Bolívia mostrou outro traçado de uma ferrovia que ligaria o Atlântico ao Pacifico. Tem base na Noroeste do Brasil, vem de São Paulo a Corumbá, entra na Bolívia e vai além de Santa Cruz de la Sierra.
Com essa ferrovia se tem dois terços prontos desse caminho para o Pacifico. Se é assim, seria a pergunta, porque começar outra ferrovia praticamente do zero? Essa outra seria aquela dos chineses que incluiria MT.
Artigo anterior desta coluna, depois de receber jornais da Bolívia, já mostrava aquele novo traçado. As matérias falavam ainda no encontro entre Evo Morales e Pedro Pablo Kuczynski, à época presidenta do Peru, sobre a ferrovia em direção a porto do Pacifico naquele país. O que tiraria a Bolívia da dependência do Porto de Iquique no Chile. Falavam que os alemães teriam interesse em financiar a ferrovia.
Cabem algumas ilações aqui. No traçado da ferrovia dos chineses por MT, ela viria de Uruaçu a Lucas, dali a Porto Velho, contornando toda a Bolívia, subiria ao Acre e daí ao Peru. Será que os bolivianos estão brigando por outra ferrovia como reação à exclusão deles daquele traçado?
Por que ficaram de fora? Por não terem o que vender ou comprar ou por que causa da instabilidade politica do país? Porque os alemães teriam interesse em financiar aquela ferrovia? Norte-americanos não fariam, idem os chineses, inventam os alemães porque, afinal?
Outro dado. Poucos dias atrás, um PhD peruano, Alberto Ruibal, especialista em infraestrutura na América do Sul, num encontro no Desenvolve MT, mostrou enorme mapa da chamada nova Rota da Seda. Um estudo de transporte planetário elaborado pelos chineses conectando praticamente o mundo todo àquele país.
O que chamou a atenção foi que a América do Sul não consta naquele mapa. O povo chinês é detalhista nos planejamentos. Se fazem um plano planetário de rotas é porque se debruçaram sobre isso por muito tempo. E não estamos lá?
Se não consta naquele mapa, por que então, em 2015, o primeiro Ministro da China, Li Keqiang, assinou com Dilma Rousseff em Brasília documento sobre a ferrovia? Em 2016, conselheira da Embaixada da China esteve em reunião em Cuiabá falando e defendendo a ferrovia. Também, em 2016, em Brasília, no Senado, técnicos da China mostraram um estudo, que custara 50 milhões de dólares, sobre a viabilidade técnica, econômica e ambiental da ferrovia.
Não consta no plano global da Rota da Seda e diferentes autoridades e especialistas chineses mostravam entusiasmo com o projeto? Estranho. A verdade é que pelo MS uma ferrovia para o Pacifico seria atualmente mais fácil de ser construída. MT teria um ramal naquela direção?
Na verdade, no estado a que mais tem condições de sair é a Ferrogrão até Miritituba. Que venha essa, MT precisa de alternativas de transportes. A produção estadual duplicaria. Ou, para ficar mais pomposo, ultrapassaria a produção de soja e milho da Argentina.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com


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