• Cuiabá, 02 de Setembro - 2025 00:00:00

Depressão: quando a presença vale mais que mil conselhos

Falar sobre depressão ainda assusta muita gente. O tema carrega preconceitos e tabus que nascem, em grande parte, da desinformação. 

Quantas vezes ouvimos comentários como: “isso é preguiça”, “falta de vontade”, “se quisesse, melhorava”? 

Essas frases, ditas muitas vezes sem maldade, ferem. Porque reduzem a dor a um rótulo, e afastam ainda mais quem já está fragilizado.

Vivemos em uma época em que estamos tão mergulhados em tarefas, cobranças e distrações que, muitas vezes, esquecemos do essencial: olhar para o outro. 

Prestar atenção de verdade em como alguém está. Pode parecer pouco, mas não é.

Quando alguém atravessa a depressão, não espera soluções mágicas ou discursos motivacionais. 

O que mais precisa é de algo muito simples e raro: acolhimento. 

Estar presente, sem julgar, pode ser infinitamente mais curativo do que qualquer conselho. 

Uma escuta atenta transmite a mensagem silenciosa: “Eu te vejo. Eu me importo com você. Você não está sozinho.”

Às vezes bastam cinco ou dez minutos de presença verdadeira para aliviar o peso de um dia inteiro. 

Existem pessoas que, sem dizer muito, apenas estando ali, já fazem o outro se sentir um pouco mais leve. 

Esse é o poder da escuta com presença: não exige conhecimento técnico, nem palavras ensaiadas. Exige apenas humanidade.

A depressão não é preguiça. Não é fraqueza. Não é falta de caráter. É uma condição séria, que merece cuidado, informação e respeito. 

E cada um de nós pode ajudar a quebrar o ciclo de preconceito começando pelo simples ato de escutar sem julgamento.

No fundo, o que mais cura não são grandes gestos, mas a delicadeza de estar ao lado. E isso, sim, qualquer um pode oferecer.

 

Paulo Lemos é advogado em Cuiabá e Mato Grosso e articulista de temas diversos.



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