Falar sobre depressão ainda assusta muita gente. O tema carrega preconceitos e tabus que nascem, em grande parte, da desinformação.
Quantas vezes ouvimos comentários como: “isso é preguiça”, “falta de vontade”, “se quisesse, melhorava”?
Essas frases, ditas muitas vezes sem maldade, ferem. Porque reduzem a dor a um rótulo, e afastam ainda mais quem já está fragilizado.
Vivemos em uma época em que estamos tão mergulhados em tarefas, cobranças e distrações que, muitas vezes, esquecemos do essencial: olhar para o outro.
Prestar atenção de verdade em como alguém está. Pode parecer pouco, mas não é.
Quando alguém atravessa a depressão, não espera soluções mágicas ou discursos motivacionais.
O que mais precisa é de algo muito simples e raro: acolhimento.
Estar presente, sem julgar, pode ser infinitamente mais curativo do que qualquer conselho.
Uma escuta atenta transmite a mensagem silenciosa: “Eu te vejo. Eu me importo com você. Você não está sozinho.”
Às vezes bastam cinco ou dez minutos de presença verdadeira para aliviar o peso de um dia inteiro.
Existem pessoas que, sem dizer muito, apenas estando ali, já fazem o outro se sentir um pouco mais leve.
Esse é o poder da escuta com presença: não exige conhecimento técnico, nem palavras ensaiadas. Exige apenas humanidade.
A depressão não é preguiça. Não é fraqueza. Não é falta de caráter. É uma condição séria, que merece cuidado, informação e respeito.
E cada um de nós pode ajudar a quebrar o ciclo de preconceito começando pelo simples ato de escutar sem julgamento.
No fundo, o que mais cura não são grandes gestos, mas a delicadeza de estar ao lado. E isso, sim, qualquer um pode oferecer.
Paulo Lemos é advogado em Cuiabá e Mato Grosso e articulista de temas diversos.
Ainda não há comentários.