Nesta quinta e sexta-feira estive em Rondonópolis ministrando uma palestra no aniversário de 42 anos da Câmara de Dirigentes Lojistas. Há dois anos não ia à cidade. Confesso a minha surpresa. Rondonópolis está numa fase de crescimento acelerado. Aquele crescimento sem volta. O secretário de Planejamento do município, Milton Mutum, me levou pra conhecer o terminal ferroviário da antiga Ferronorte que saiu de São Paulo e está parada em Rondonópolis. Hoje a concessionária da ferrovia chama-se Rumos.
Principalmente em Cuiabá, a capital do Estado e a sede dos poderes políticos, quando se fala em terminal ferroviário, a ideia não vai muito além de uma estação onde passa o trem. Por isso mesmo, não tem maior importância nem política, nem econômica e muito menos estratégica. Mas a realidade lá é desafiadora e assustadoramente grande. É o maior terminal ferroviário de movimentação de cargas de fertilizantes e de grãos do país. A quantidade de enormes carretas circulando dentro e no entorno assusta a qualquer um.
De novo penso que em Cuiabá isso não signifique nada, até porque o mundo urbano é preconceituoso contra aquilo que não lhe é familiar. Um sinaleiro defeituoso na avenida causa muito rumor e protestos. Mas uma ferrovia imensa não chega sequer a merecer notícia.
Tudo isso é pra dizer que semelhante a Rondonópolis tem uma revolução acontecendo num monte de cidades do interior. Além desse novo mundo não ser conhecido e nem reconhecido na capital política do Estado, ele também não chega ao conhecimento dos governantes, dos técnicos de governo. Me apavora que os candidatos a governador nas eleições de daqui a dois meses, também desconhecem o que tudo isso significa. Se o governo e os candidatos não conhecem, ignoram a necessidade de planejar esse mundo novo de transformações que está atropelando Mato Grosso. Ele vem na onda de mudanças mundiais de economia, geopolítica e do desenvolvimento populacional do mundo.
A tecnoburocracia sediada em Cuiabá não sobrevive um dia fora do ambiente de ar condicionado dos gabinetes. Também não compreenderia uma dinâmica revolucionária de vida fora dos ambientes políticos.
Encerro este primeiro artigo. Vou escrever sobre o terminal em si mesmo. Uma loucura. Mas desafio os candidatos a governador a enxergarem o mundo que está aí, independente deles. Exceto pelo que eles poderão atrapalhá-lo se eleitos desconhecendo que ele é o mundo real.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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