Às vésperas da chegada do Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em 14 de junho, precisamos refletir sobre o quanto esta data nos aponta para uma realidade que serve pelo menos de alerta. O Brasil está enquadrado dentro da margem de conformidade sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no que diz respeito à quantidade de doadores, mas é como se os estoques de sangue estivessem permanentemente sob risco de insuficiência.
As campanhas de conscientização, neste sentido, são essenciais para estimular a doação, que de fato poderia ser maior. A OMS recomenda que 1% a 3% da população de cada país seja doadora de sangue. No nosso caso, o percentual de brasileiros doadores em 2022 foi de 1,4%, ainda bem próximo ao piso sugerido pela organização. Em números absolutos, isto representou um total de 3,6 milhões de pessoas que abasteceram os bancos de sangue.
Estão aptos a doar sangue os indivíduos com idade entre 16 e 69 anos e um peso mínimo de 50 kg. Com esta faixa etária, o Censo 2022 do IBGE computou uma população de 148 milhões de brasileiros. As mulheres podem doar sangue no máximo três vezes por ano e com um intervalo de 3 meses entre uma doação e outra. Já os homens quatro vezes por ano e com um intervalo de 2 meses. A doação não traz nenhum risco para o doador.
Reforçando, não é um cenário de desespero, mas nada além de razoável. Temos margem para dobrar a quantidade de doadores, e ainda assim manter o número abaixo do teto sugerido pela OMS.
Por isso, evocar a população para ampliar a doação de sangue não é algo tão simples, mas ao mesmo tempo exige persistência. A reposição de sangue é uma necessidade imediata para inúmeras pessoas que se submetem a procedimentos cirúrgicos e a outros tratamentos que envolvem a transfusão. Esta é uma luta contínua e vale ressaltar: hoje precisamos de você para ser doador. Amanhã, você pode ser o paciente que necessita de doação.
Dr. Guilheme Muzzi é médico hematologista.
Ainda não há comentários.