Milito no jornalismo há 43 anos e meses. Nesse tempo convivi com uma quantidade enorme de períodos de instabilidade tanto política, quanto social e econômica. Até entre instituições. Sempre são momentos tensos. Vamos à realidade atual. A recente declaração do ex-deputado estadual José Riva envolvendo 34 parlamentares em movimentos de corrupção, já azedou bastante o ambiente político. Mas todo mundo sabe que ele fez apontamentos seletivos. Ficaram de fora muitos membros da bancada parlamentar federal, do Ministério Público, do Tribunal de Justiça, do Tribunal de Contas e de setores empresariais.
A ameaça de confissão do ex-governador Silval Barbosa vai arrastar pro pântano uma série de nomes até hoje insuspeitos, públicos e privados, ou fora das discussões sobre desvios diversos de conduta. Na semana passada acusação a cinco conselheiros do Tribunal de Contas pelas mesmas razões, já formavam um ambiente de deterioração política e institucional.
No mesmo barco apareceu no fim de semana a questão das escutas telefônicas envolvendo o governo estadual. O conjunto desses fatos vai provocar uma fortíssima crise institucional envolvendo os três poderes, o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas.
Qual a leitura que se pode tirar desse conjunto de crise?
Não parece inteligente que os envolvidos numa ou noutra questão entrem numa guerra de jogar pedras uns nos outros. Parece-me e o bom senso indica que é hora de se sentarem todos, assumirem os seus pecados e buscarem o mínimo de perdas que possam afetar a já sofrida sociedade. Aliás, ela é quem nos sustenta com os impostos que paga para manter o Estado.
O país está dividido numa perigosa ansiedade por justiçamentos. Não cabe isso neste momento. Ou se faz um pacto de conversações em favor da ordem institucional, cada um assumindo as suas culpas e erros, ou entraremos numa crise que não beneficiará ninguém. As culpas são generalizadas.
O ambiente é de conflitos e de confrontos. Os poderes são protegidos por regulamentos e regulamentações corporativas. A sociedade luta sozinha contra o monstro chamado Estado, contra as regulamentações e os protecionismos justos ou cínicos.
Maior do que esses elementos corporativos, precisa prevalecer o bom senso, o senso de justiça e o respeito social.
Até porque a temporada de crises está aberta e promete capítulos emocionantes.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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