• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Uma jovem senhora no auge dos seus 65 anos de idade

Era o verão de 1956 em Hanover, cidade do estado de New Hampshire, nos Estados Unidos da América. Um grupo de estrelas da ciência, dentre os quais dois futuros ganhadores do Nobel, ficou reunido por oito semanas discutindo, elaborando ideias e criando o que hoje conhecemos como Inteligência Artificial (IA).

Era uma época de erupções vulcânicas colossais da ciência e do progresso. O mundo inteiro estava em efervescência com o final da segunda guerra mundial, com o grande plano de recuperação da Europa, a ameaça da guerra fria, a corrida espacial, a descoberta da dupla-hélice do DNA e tantas outras coisas. No meio desse caldeirão histórico, nascia o que hoje é a nossa revolução, o que talvez seja o nosso próximo estágio da longa cadeia evolutiva da humanidade.

Sorrateiramente a IA entrou em nossas casas e nem notamos. Sua presença passa despercebida em coisas triviais e não percebemos que delegamos nosso poder de decisão a um mecanismo não biológico mais eficaz do que nós. Não acredita? Quando existiam palestras presenciais eu costumava perguntar ao público quantos já tinham utilizado a IA naquele dia. Cerca de um quarto dos presentes levantava a mão, mas quando eu mudava a pergunta para quantos usaram o Waze para chegar ao local, quase todos levantavam a mão. E ali no trânsito, ao selecionar o seu destino no aplicativo, você delegou a um sistema dotado de partes com Inteligência Artificial a decisão de qual o caminho seguir.

Desde 1997, quando o campeão mundial de xadrez, Gerry Kasparov foi derrotado por uma máquina, milhares de especulações foram feitas sobre em quanto tempo as máquinas nos subjugariam. Não sei vocês, mas ainda não vejo nenhuma máquina dando palestras, escrevendo livros ou criando novas formas de jogar xadrez, mas vi Kasparov fazendo tudo isso depois da fatídica derrota.

Existe um componente mítico sobre raças superiores dominarem os seres humanos. Isto fica ainda mais impactante se essa raça for criada por nós mesmos. O desejo humano de deixar de ser criatura e tornar-se criador remonta aos tempos mais longínquos da nossa espécie.

Em 2016 quando Sophia, o robô humanoide mais avançado à época, disse que destruiria a humanidade, muitos empresários, estudiosos e políticos levantaram questões sérias sobre até onde deveríamos permitir a continuidade do desenvolvimento da IA de forma tão livre. Discussões sobre uma nova legislação permeiam corredores legislativos do mundo inteiro, mas ainda não temos nada concreto e a IA não deixou de avançar. Se você ainda não viu os robôs da Boston Dynamics dançando, veja! Carlinhos de Jesus daria nota 9,5 porque eles erram no giro do Twist.

Com a chegada da GPT-3, um poderoso algoritmo de geração de textos baseado na linguagem natural humana, poemas, livros e matérias de jornal já podem ser escritas com uma fluidez melhor que a de muito aluno graduado em língua portuguesa.

Você pode não notar, mas até a sua conta da Netflix faz uso de IA para recomendar seus próximos filmes.

Para onde se olhe, há um tiquinho de IA sendo usado e você nem notou como ele foi parar ali. Daqui alguns anos você entrará em um carro sem motorista como se isso sempre tivesse existido.

Esta jovem senhora, completando seus sessenta e cinco anos, parece que mal saiu do berçário. Ainda viveremos para ver muita coisa acontecer nessa área. Ou melhor, será que veremos?

 

Vander Muniz é um curioso que adora multidisciplinaridade. Executivo da área de Tecnologia, Palestrante e Conselheiro de Startups. Por acidente foi trabalhar na área da Computação se especializando em Inteligência de Negócios baseado em Dados e em tecnologias como Inteligência Artificial e Big Data. É formado em Ciência da Computação, especializado em Neurociência, Bioinformática e Inovação. Em Mato Grosso é Diretor de Tecnologia e Inovação da Log,Lab Inteligência Digital, hosting do podcast Radio Space e um dos idealizadores da Space Community.



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