A falta de chuva neste ano afetou atividades e lugares diferentes. Não se está falando na queda da safra em tantos por cento, tem outros fatos envolvidos também. O exemplo é o problema da exportação de grãos do estado pelo chamado Arco Norte. A saída ali pelo sul do Pará. Lugar que tem ajudado e muito na exportação da produção estadual.
Em 14 anos, é uma das informações, houve um aumento de 750% nas exportações por ali. Citam, como exemplo, que, em 2022, saiu pelo Arco Norte 52 milhões de toneladas de bens do campo. Exportação que ultrapassou em 12% o que se exportou por Santos naquele ano. Em 2023, continuam as informações, as exportações pelo porto de Santos atingiram 62 milhões de toneladas. Superou o que saiu pelo Arco Norte no ano anterior.
Acreditava-se que a exportação pelo norte seria sempre crescente e que deixaria para trás, em milhões de toneladas, o que sai pelo litoral paulista. A falta de chuva fez a coisa ir numa outra direção. Claro que isso pode ser retomado em outro momento com mais chuvas na região.
É um caso que deve estar no radar dos que trabalham com exportação no estado. Até o tempo e a chuva podem afetar ganhos ou trazer mais despesas para o exportador.
Com problemas como esses, além da enorme distância para se levar o produto para exportação, encabula como a produção no estado ainda consegue competir com a de outros lugares do Brasil e do exterior.
O produtor rural do Paraná, Rio Grande do Sul ou São Paulo tem condições melhores e mais baratas para exportar do que o produtor de Mato Grosso. Paranaguá está pertinho para o produtor paranaense. E MT leva parte de sua produção àquela distância. Ou para Santos. E vende em condições competitivas com estados mais pertos de portos e outros meios de transportes.
Como é que a soja, milho ou carne do estado pode competir com a exportação da Argentina que tem meios mais adequados para exportar? Mais forte ainda é a pergunta: como competir com os grãos exportados pelos EUA com tantos meios de transportes que eles tem, principalmente as ferrovias?
Frente a tudo isso é que, lá atrás, multidões de produtores agrícolas dos EUA estiveram em Mato Grosso em caravanas durante muito tempo. Como é que tinha um lugar lá não sei onde, com dificuldades para transporte, que poderia vender produtos no exterior a preços competitivos?
Eles olhavam também para a produtividade por hectares que rivalizavam com eles em iguais tantas sacas que produziam lá. Isso era possível através da ciência, transporte não se resolve dessa maneira. E até hoje o estado consegue competir com eles. Pararam de vir aqui.
Agora apareceu outro atrapalho, espera-se que passageiro, a falta de chuvas. Se não for passageiro, os produtores daqui terão que encontrar outro meio parta continuar competindo no mercado internacional. Até mesmo, quem sabe, um apoio mais direto da China nesse assunto. Por que não?
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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