Publicação recente mostrou que Cuiabá estaria com 88% de cobertura em rede de esgoto. A Arsec ou Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados em Cuiabá publicou dados sobre saneamento em Cuiabá em 2018, mostrando que havia 50% de coleta de esgoto. Que 30% tinha fossa asséptica em casa. Algo como 20% das pessoas falando que sentiam mau cheiro dos esgotos. De uma publicação para a outra houve mesmo aquele crescimento nos últimos cinco anos?
Deixando a discussão para outro momento, fiquemos nos resultados trazidos pela privatização que ocorreu em 2011. Um olhar pelo lado positivo dessa história.
O saneamento na capital era precário quando estava sob controle público. Sanemat e depois Sanecap no comando. A cobertura de esgoto era pequena, nem se falava em tratamento de dejetos. Jogava-se por dia mais de 12 mil toneladas de esgoto in natura no rio Cuiabá. Estava virando uma cloaca. Sem contar a contaminação e poluição nos riachos que circundam a capital.
Muita gente foi contra a privatização. Havia a luta para manter empregos. Entrando a inciativa privada aquela área estatal deixava de ser um cabide de emprego. Era um dos lugares mais disputados pela classe política porque dava emprego que pagava um pouco melhor que outros lugares.
Aliás, emprego público, em diferentes áreas, tinha disputa enorme no meio da classe politica até chegar os concursos para preencher cargos aqui e ali.
Voltando ao saneamento. O esgoto era a céu aberto. Doenças apareciam em todo lugar. O pronto socorro era entupido com gentes com doenças por falta de saneamento. Isso trazia impacto até mesmo na prestação de serviços pela população.
O exterior, quando queria mostrar o atraso, não só nosso, mas de toda a América Latina, mostrava fotos de crianças brincando perto de esgoto a céu a aberto. Demonstração maior de pobreza da região, Cuiabá incluída.
Gente doente, com problemas de diarreia ou outras enfermidades, não poderiam prestar um serviço adequado. Quanto que as empresas perdiam por ter um serviço de esgoto de péssima qualidade?
Não é dizer que agora se chegou perto do paraíso nessa área. Tem lugares ainda que não tem os benefícios do tratamento de esgoto. Hoje melhorou um pouco, se comparado com a realidade de alguns anos atrás.
Espichando um pouco mais essa conversa: do outro lado da ponte, em Várzea Grande, a coisa não andou ainda. Aquela cidade está entre as dez piores do Brasil em saneamento em cidades com mais de 200 mil habitantes.
O que chamava a atenção era a não importância que a classe politica do município dava a esse assunto. Mudou um pouquinho agora, mas continua longe do ideal. Já apareceu até liderança antiga dali concordando agora em passar para a iniciativa privada o setor de esgoto da cidade.
Se tivesse sido feito anos atrás talvez tivesse salvado vidas e até ajudado a cidade a ter uma produção econômica maior com bom saneamento. Mas, para chegar aos números apresentados agora por Cuiabá, se vai tomar ainda muito tempo.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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