• Cuiabá, 02 de Julho - 00:00:00

Cenários econômicos 2023

A cena econômica vislumbrada para 2023 mostra a economia global em retração, a atividade econômica do Brasil com crescimento baixo e Mato Grosso crescendo em ritmo forte.

O próximo ano será bastante desafiador para a economia mundial que vai sacrificar o crescimento para combater as altas taxas de inflação, elevação dos custos de insumos industriais, quebra da cadeia logística causada pela pandemia da covid-19 e aumento dos preços das principais fontes de energia motivado pela famigerada invasão da Rússia sobre a Ucrânia. Os países europeus lutam para combater um nível de inflação que não viam há mais de quarenta anos, ao mesmo tempo que enfrentam elevação de preços e escassez de gás, petróleo, componentes industriais e insumos agrícolas. Os Estados Unidos precisarão pisar no freio do crescimento para trazer a inflação para o nível histórico de 2% ao ano, tendo de enfrentar a China que avança sobre mercados antes cativos dos americanos. A China, por sua vez, terá crescimento menor que suas médias históricas, para combater a nova e persistente onda da covid-19. Exagerada e autoritária em seu programa de isolamento total, a liderança chinesa enfrenta protestos e reações sociais que não enfrentava há décadas. Os efeitos dos erros estratégicos aparecem na forte contração da economia em 2022 e que deve perdurar em 2023. Um simples resfriado simultâneo da Europa, Estados Unidos e China se transforma rapidamente em pneumonia para o restante das economias, especialmente as de países emergentes.

As estimativas para a economia brasileira são de crescimento de 3% em 2022 e 1% em 2023. Dados tímidos para uma economia que precisa crescer 5% ao ano para empatar com seus principais concorrentes mundiais que são os países emergentes. A troca da liderança política nacional e o início de um novo governo e nova política econômica são fatores que podem dar o gás que o país precisa para acelerar o seu crescimento.

Mesmo não sendo uma ilha econômico-social, imune às decisões políticas emanadas de Brasília e movimentos macroeconômicos mundiais, a atividade econômica de Mato Grosso dá sinais de que prosseguirá sua caminhada de crescimento contínuo e acelerado da última década. Sofreu interrupção em 2020, quando o PIB estadual teve crescimento zero. Ano no qual 24 estados brasileiros tiveram queda de até -7,2% (RS) e -5,7% (CE) e o PIB do país sofreu queda de -3,3%.

Em 2021 e 2022 a economia de Mato Grosso recuperou fôlego e voltou a crescer, impulsionada pela força da produção agropecuária, melhora nos preços das commodities agrícolas, avanço na industrialização de etanol de milho e processamento de alimentos. A saudável situação fiscal do governo estadual produziu superávits financeiros que permitiram ampliar investimentos em obras e atividades públicas, fato que colaborou para a boa performance econômica estadual.

As tendências econômicas de Mato Grosso sinalizam que 2023 será outro ano de crescimento robusto. O estado vai colher outra grande safra de grãos, os preços das mercadorias agropecuárias continuarão estáveis no mercado doméstico e internacional, o que assegura a rentabilidade do segmento. Os investimentos em infraestrutura continuarão acelerados com a construção do novo trecho da ferrovia Vicente Vuolo (Rondonópolis-Campo Verde-Cuiabá), retomada das obras de duplicação da BR 163 e construção de novas plantas industriais de processamento de etanol e de alimentos. E ainda temos a indústria de celulose pedindo para ser desenvolvida.

O cenário econômico global, de retração, e nacional, de crescimento baixo, atuarão como inibidores do ritmo da economia estadual. Mas não o suficiente para alterar a trajetória de crescimento forte e continuado da economia estadual.

 

Vivaldo Lopes é economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em  MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP  (vivaldo@uol.com.br)



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