A prática do suicídio é uma questão de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, também é considerado um fenômeno multifatorial por existir diversos elementos envolvidos até que uma pessoa tome à decisão de uma tirar a própria vida.
Para se ter ideia, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em junho deste ano, o número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 na comparação com 2021, nos levando à reflexão do que se fez até agora para impactar e melhorar a vida de pessoas com tendências suicidas.
Contudo, as pautas de prevenção à prática, falham ao terem pouca abordagem direcionada ao público masculino, pois estudos do Ministério da Saúde apontam serem maiores os índices de doenças psicológicas e suicídios em pessoas do sexo masculino.
Além disso, um relatório recente intitulado Saúde Mental e Bem-Estar, realizado pela Opnion Box em parceria ao Histórias de Ter.a.pia, aponta que o número de homens compromissados a fazerem terapia é 8% menor do que mulheres no mesmo segmento.
Esses números alarmantes destacam o quão urgente é abordar a prevenção ao suicídio como uma prioridade global, com ressalvas à necessidade de atingir com especifidade o público mais afetado, o masculino.
O impacto da sociedade patriarcal à saúde mental
A imposição social de normas de gênero, papéis tradicionais e comportamentos, cria um ambiente de constante pressão psicológica e até mesmo financeira para alguns homens que se veem como principais responsáveis pela manutenção econômica do lar, assim como pouco acolhidos e incentivados a desabafar ou buscar tratamentos psicológicos em situação de crise.
Esse comportamento social de restringir a sentimentalização masculina pode levar à ansiedade, depressão e baixa autoestima, à medida que essas pessoas se esforçam para atender às expectativas sociais muitas vezes irreais.
Um ambiente que se esforça para coibir a exposição de sentimentos e de vulnerabilidades, vendendo esse perfil como homem ideal, pode ser considerado o principal fator para o adoecimento mental, desleixo com a saúde e as altas taxas de suicídio ligadas ao sexo masculino.
O que é preciso mudar no pensamento social quanto ao tema?
A prevenção ao suicídio é um compromisso de todos, e uma responsabilidade dos órgãos de saúde pública, não bastando o acompanhamento de gráficos, mas trabalhando em cima de temas fortemente ligados a raiz do problema. Veja a seguir algumas das possibilidades que você pode tomar no seu dia a dia auxiliando a prevenção de casos:
1. O acesso à saúde mental deve ser para todos: terapia, além de fazer bem à saúde pessoal de cada indivíduo, é benéfico a todos que estão ao redor. Portanto, incentive colegas de trabalho, familiares e amigos a adotarem a prática da terapia em suas vidas.
2. Derrubar dogmas de gênero: A frase 'isso não é coisa de homem' não precisa fazer parte do seu cotidiano. Além de banalizar determinadas atitudes de outrem, ela tem o poder de baixar a autoestima e criar uma pressão exacerbada para se encaixar em determinado padrão.
3. Não julgar e lidar com crises: É imprescindível tomar conhecimento que cada ser humano sente a dor de uma forma, respeite e acolha, evitando colocar suas imposições ao sentimento de outra pessoa. Uma boa alternativa é buscar aprender técnicas e ensinamentos que te levarão a entender as crises mentais que as pessoas ao seu redor podem vir a ter.
Vale sempre pontuar que doenças mentais existem, assim como tratamentos para as mesmas também, mas o nosso comportamento social é um grande fator de impacto para o bem-estar e saúde de todos que nos rodeiam. A prevenção ao suicídio não acontece somente após a tentativa, mas sim todos os dias quando escolhemos as atitudes, palavras e comportamentos que teremos.
*Mara Leme Martins, PhD. Psicóloga e VP BNI Brasil - Business Network International, a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo.
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