Diferentes medidas tomadas na área educacional no Ceará fez aquele estado está na liderança em ensino básico no Brasil. Alguns números, antes mesmo de contar a história por trás desse fato.
No Ideb, aquele estado está em primeiro lugar da sexta à nona serie e segundo lugar nas series de um ao quinto ano. No ensino básico, em 2022, 87 escolas de lá estão entre os 100 melhores resultados do Ideb do país. Nos anos finais, 70 escolas daquele estado estão entre as 100 melhores. Números que chamam a atenção. É disparado o melhor ensino do Nordeste.
Tudo isso começou no município de Sobral naquele estado. E o nome que se deve reverenciar chama-se Izolda Cela. Prefeitos de Sobral e mais tarde governadores do estado deram total suporte politico ao trabalho desenvolvido por ela.
Importante dizer que esse trabalho teve sequência nos diferentes prefeitos e governadores. Izolda Cela está hoje na Secretaria Executiva do MEC. Já tem torcida para que ela tente espalhar o que fez no Ceará pelo Brasil.
Claro que não se pode transplantar cem por cento algo próprio de uma localidade para outra. Mas o que ela criou no ensino básico deveria ser motivo de debates pelo Brasil, incluindo Mato Grosso.
Destacam-se quatro pontos do que foi feito naquele estado: autonomia administrativa e financeira das escolas, concentração de alunos em escolas maiores com mais recurso, capacitação de professores e avaliação constante.
Não interessava ter muitas escolas. Concentram muitos estudantes em escolas com mais qualidade. Sobral, por exemplo, diminuiu o número de escolas de 96 para 38.
Criaram uma escola para professores e também uma gestão encarregada de monitorar o desempenho do ensino público pelo estado. Quanto melhor a qualidade do professor ou professora mais resultados se terá, é óbvio.
Havia ainda avaliação externa constante para saber tudo que estava acontecendo com essa ou aquela escola, incluindo aplicação dos recursos e avanços pedagógicos.
Quer mais ainda? Vincularam parte do ICMS que se deve repassar às prefeituras com a comprovação do desempenho escolar. Amarraram os prefeitos. Se a escola ou escolas do município não estiver indo bem, segundo as avaliações, aquele prefeito terá menos recursos do repasse do ICMS.
E pior para ele: seria olhado de forma enviesada politicamente pelo eleitorado do seu munícipio. Se o município vizinho está recebendo seu repasse é porque as escolas dali estão indo bem, a dele não. Um tiro na próxima eleição de um administrador desses.
Não param por aí as novidades daquele estado na educação. Vão repassar dois mil reais por aluno matriculado no nono ano. É que pesquisa mostra que existe uma tendência de muitos alunos abandonarem os cursos nos anos finais. A ideia é amarra-los mais um tempo ainda de estudos. Arrumam até dinheiro extra para isso.
Talvez fosse útil a secretaria estadual de educação e prefeituras do estado buscarem informações sobre o que ocorreu na educação básica naquele estado. E saber se teriam meios que poderiam ser usados aqui para melhorar ainda mais a educação básica estadual.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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