• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Felicidade gera lucro

Lembro-me até hoje, há uns 11 anos, quando apresentei uma proposta sobre liderança humanizada a um antigo gestor e colegas consultores, que deram risada, como se fosse algo muito “fora da casinha” e distante.

Para você ver, nem faz tanto tempo assim, mas ainda bem que a realidade mudou e hoje em dia, falar de um estilo de liderança que cria vínculo, que considera o fator emocional e se preocupa com o resultado também das pessoas em suas vidas, tornou-se real, e este é o grande segredo que vem conectando as pessoas naturalmente, por vontade própria ao seu trabalho, por sentir que ali há uma relação de troca genuína.

A gestão sem vínculos até existe, porém tende a ser mais dura, fria e muitas vezes prejudicial à saúde mental das equipes.

Para isso já temos dados, uma pessoa com depressão no ambiente de trabalho perde até 40% da sua capacidade produtiva e o fator perda da saúde mental está em terceiro/quarto lugar como o maior motivo de afastamento/absenteísmo e, de longe, em primeiro lugar como o que mantém o trabalhador afastado por mais dias.

Se temos um caminho mais leve e fluido de fazer gestão, porque não desenvolver as lideranças para usá-lo? O caminho do diálogo, da empatia, da condução interessada em cada indivíduo que lidera, em que o sucesso da empresa represente também o sucesso daquele que ali trabalha e sucesso é muito mais sistêmico do que o bônus ou a gratificação no final do mês.

Um estudo realizado em Harvard que durou 75 anos e com um público de 600 pessoas, confirmou que um dos maiores pontos de uma vida que valeu a pena, que manteve as pessoas saudáveis nos âmbitos físico e mental, foram daqueles indivíduos  que mantiveram relações interpessoais mais profundas e com qualidade.

Dessa forma, cada vez mais temos certeza de que o ser humano visto de forma sistêmica é algo real, e aquela percepção antiga no mundo corporativo de que se deve separar o pessoal do profissional, que você quando está na empresa é mais um número, tornou-se arcaico e ineficaz, na medida em que falamos verdadeiramente de resultado e lucro.

A liderança precisa estar conectada ao seu time para além das metas, dos resultados. Até porque este aspecto, tão circundado pelas empresas e gestores, será o ponto final de uma jornada de acompanhamentos, feedbacks, conexões humanas, ou seja, vínculos.

Empresas são constituídas por pessoas, pessoas são seres emocionais, e os vínculos quando conduzidos com sabedoria por uma cultura organizacional saudável, serão o grande segredo de um time engajado, comprometido, produtivo e com saúde emocional.

Após a pandemia, temos visto as empresas e seus gestores colocarem na pauta de prioridades a saúde mental, pois parece que após esse período o preconceito diminuiu, marcando uma autorização de se tratar sobre o tema sem tanto preconceito, já que o depressivo era visto da seguinte forma: “Ah, isso é frescura!”; “Coisa de gente sem resiliência!”; “Não aguenta pressão!”, dentre tantos outros.

A pandemia deixou um legado: o de compreender que estar bem emocionalmente representa seguir em frente, ter força para produzir e principalmente o de encontrar sentido, de uma vida com um porquê.

O que isso significa?

Significa que as pessoas, a partir deste período, passaram a valorizar ainda mais o sentido da vida, pois trabalhar em uma empresa que une propósito e lucro é algo realmente grandioso e satisfatório.

Lembro-me até hoje daquela empresa que mencionei no início deste artigo, na qual passei um breve período, mas trouxe grandes aprendizados, já que na época e naquele lugar eu não via sentido na inconsistência de valores entre o que se ensinava e o que se praticava,  me trazendo tristeza e desmotivação, pois para mim aquela prática não fazia sentido. E com o passar do tempo, passei a me sentir fraca, improdutiva e com o horizonte neblinado em relação a minha carreira, se caso permanecesse ali e em meu coração eu trazia alguns questionamentos: “Como pregar uma coisa, na qual não se pratica e nem se vive?”

Hoje as pessoas buscam coerência e querem estar em lugares onde sintam que fazem parte de uma comunidade que compartilha valores e os experimenta no dia a dia.

Assim, empresário, se você ainda não entendeu, entenda: felicidade gera lucro, pessoas buscam ambientes para servir, e no qual se sintam úteis e evoluindo junto ao negócio. Todo mundo precisa disso, por isso lhe digo, se você ainda não compreendeu ou encontrou o grande por que do seu negócio, o grande sentido, convido-o a pensar sobre o tema, pois no mundo atual isso está cada vez mais necessário.

Empresas com propósito e de propósito, que teimam em contribuir mesmo diante de tantas adversidades impostas pelo mercado.

E você? O que me diz? Como classifica a sua empresa? Após esses parágrafos de reflexões, quantas vidas a sua empresa, com o seu trabalho, é capaz de impactar? De que forma?

 

Cynthia Lemos é Psicóloga Empresarial e Coach na Grandy Desenvolvimento Humano. Especialista no Desenvolvimento de Líderes e Empresas tem a missão de: Expandir a Consciência e Gerar Ações Transformadoras – para pessoas e empresas que desejam evoluir em seus projetos e objetivos. Email: cynthia@grandy.com.br



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