Quando um grupo possui objetivos em comum, dois caminhos surgem para os agentes envolvidos: o da cooperação e o da competição. E essas duas alternativas podem render bons resultados. A diferença pode estar em como eles serão compartilhados, entre todos ou para poucos.
Ao contrário do que alguns são estimulados a pensar desde pequeno, a competição não é algo ruim. É a partir do desafio que as pessoas desenvolvem métodos para superar os próprios limites e obter resultados melhores que dos concorrentes. É assim que acontece na maioria dos esportes, onde os atletas são constantemente desafiados a melhorar o desempenho para vencer ou atingir uma boa marca.
Nos negócios isso também acontece. Pessoas, empresas e até países buscam formas de apresentar o melhor produto ou serviço para conquistar a preferência. A competição promove o desenvolvimento de novas tecnologias, fomenta o conhecimento e gera valor, seja para um profissional ou para uma marca.
Recentemente o Brasil superou os Estados Unidos na produção de soja, um feito por muito tempo impensável. A evolução tecnológica da agricultura fez com que as adversidades relacionadas à infraestrutura local fossem superadas pela pesquisa e consequente qualidade da safra.
Há 20 anos, a produtividade da soja brasileira ficava entre 2,2 e 2,5 sacas por hectare, uma saca a menos do que é produzido por hectare atualmente. Na última safra, 20/21, o Brasil produziu 135 milhões de toneladas de soja, ante 112 milhões pelos Estados Unidos.
Mas isso não significa que os dois países sejam necessariamente adversários, inclusive ao longo dos últimos anos, houve muita cooperação técnica entre produtores americanos e brasileiros. Antigamente os agricultores do Brasil realizavam missões para os Estados Unidos em busca de tecnologias viáveis para as condições climáticas e agronômicas daqui.
Nos últimos anos este fluxo também ganhou caminho de volta. É cada vez mais comum as entidades daqui receberem a visita de produtores de outros países em busca de informações sobre como nossa produção atingiu os atuais patamares mesmo com problemas de logística e rigorosas regras ambientais. E este intercâmbio é de uma grandeza extraordinária.
A possibilidade de operar junto traz a oportunidade de desenvolvimento mútuo, com ganhos justos para todos, proporcional ao desempenho de cada um. Seja por meio da troca de informações entre países ou da compra e venda coletiva de insumos e produtos, a cooperação é indispensável, principalmente entre pequenos e médios, cujos recursos e acesso a tecnologias são mais limitados.
Nos dois universos, tanto o da cooperação, quanto o da competição, não há espaço para paixões. É preciso agir estrategicamente, estabelecer regras claras e coerentes para que o ambiente estimule o crescimento de todos. A defesa dos interesses é legítima, mas os princípios precisam ser pré-estabelecidos e respeitados. Assim, a superação será sempre coletiva, pois há mercado para todos.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria e Comunicação.
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