O dia 17 de julho é conhecido como o Dia do Protetor da Floresta. A lenda, principalmente narrada na infância, tem a figura do Curupira como um importante protetor da fauna e da flora.
Esse ser mitológico com diversos epítetos (Curupira, Caiçara, Pai do Mato, Anhangá ou Caipora), segundo a tradição, era um anão de cabelos ruivos e que caminhava com os pés que pisavam em sentido inverso do normal. A finalidade dele era a de enganar os caçadores, que, ao seguirem o seu rastro, não o encontravam já que as pegadas deixadas os afastavam cada vez mais.
No Brasil, a ECO-92 trouxe nova visão de mundo ao debater o cenário ambiental global, principalmente em defesa do desenvolvimento sustentável. Pontos cruciais foram tratados na ocasião, como a mudança climática, a preservação da água, o turismo ecológico e as políticas públicas para a reciclagem.
De outro Sul, de imensa importância tem sido as reflexões trazidas pela ONU com a Agenda 2030, sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Fica evidente que não há possibilidade de vida saudável na terra sem atitudes que venham a corroborar para a preservação ambiental. Dentre esses objetivos, pelo menos dez deles dizem respeito ao tratamento a ser desenvolvido pela sociedade para preservação da natureza. Esses, na verdade, se constituem em desafios ambientais para a proteção e a paz, além da prosperidade do planeta.
Várias pessoas pagaram com a vida a proteção ao bioma. Chico Mendes, seringueiro, passou a atuar incisivamente pelo meio ambiente e contra o desmatamento das florestas. Acabou por despertar rancor em pessoas que se beneficiavam com a prática ilegal, sendo assassinado em 22 de dezembro de 1988, dois meses após a promulgação da “Constituição Cidadã” (saudades eternas do Ulisses Guimarães), que tanto cuidou do tema. Margarida Alves, sindicalista, ícone da luta pelas mulheres rurais, enfrentou grandes produtores rurais e proprietários de usinas em nome do respeito à natureza, bem como por direitos trabalhistas para trabalhadores e trabalhadoras rurais. Foi assassinada em 12 de agosto de 1983. Dorothy Stang, missionária, também despertou ódio de madeireiros, fazendeiros e grileiros que praticavam crimes ambientais. Stang foi assassinada no Pará, em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos de idade, em uma emboscada, por buscar respeito à floresta. E mais este ano com o terrível assassinato de Dom e Bruno.
Como visto, pessoas leais na defesa da natureza acabaram “pagando com a vida” por referida proteção. Não houve complacência, sequer, no pensamento em se deixar e preservar para novas gerações. Os benefícios da matéria sempre falam mais alto.
Bom, voltando ao Curupira... Reza a lenda que quem com ele se encontrasse, aliás, atrás de quem ele estivesse para “conversar” sobre a floresta, por desrespeito, não conseguiria voltar para casa. Com ele, apenas um encontro. Inclusive, atraía pessoas para estar consigo se descobrisse um devastador florestal.
Na atualidade, a busca é por paz, a fim de enfrentar qualquer violência. Se Curupira fosse criado nos dias de hoje, onde o enfrentamento à violência é realidade, quem sabe o seu castigo não seria tão cruel.
Em tempos de rede social, Curupira poderia optar como castigo ao “exposed”, ou outra forma de punir o delinquente ambiental. Provavelmente, se saísse da esfera lendária teria salvado a vida de militantes ambientais...
Que tenhamos muitos e muitas protetores das florestas...
Curupira, cadê você?
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto é professor de Filosofia, magistrado e articulista em A Gazeta (email: bedelho.filosofico@gmail.com).
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