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Bolsonaro e a história

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 02/04/2020 08:04:25
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             Bolsonaro reclamou que as medidas, sobre o Covid 19, tomadas por governadores, atrapalha a economia. Que vão influenciar no PIB deste ano, aumentar o desemprego e o descontentamento social. Por isso defende quarentena não horizontal, sim vertical. 

            Ele sabe que na história do país, se a economia não vai bem, levanta clamor contra quem está no governo e até atos políticos extremos. Uma rápida viagem na história mostra isso.

            Getúlio Vargas chega ao poder em 1930 em movimento sedicioso. Em 1937, antes da eleição do ano seguinte, dá um golpe e cria o Estado Novo. A economia esteve bem nesse período. Começava a industrialização, muita gente abandonando o campo para as cidades. Manteve-se por 15 anos no poder.

            Ele volta, por eleição, em 1951. A economia estava com problemas. O custo de vida ou carestia, como se chamava a inflação, crescia e os salários estavam achatados. A oposição aproveitava para gritar contra o governo. Iam apeá-lo do poder. Deu um tiro no peito.

            Juscelino Kubistchek governou em momento mais positivo na economia. Mas gastou muito e deixou o governo com divida externa e inflação crescente. Jânio Quadros ficou sete meses no poder, pediu o boné e foi embora. Assume seu vice, Goulart, num momento de mais inflação, salários defasados e tensão social. Tentou Plano Trienal ou Reformas de Base. O momento nacional e mundial era complicado e, com economia andando de lado, chegam os militares ao poder.

            No governo Geisel veio a crise do petróleo e o lado econômico começou a ter problemas. Na sequência foi Figueiredo. Teve, em seu governo, três anos de brutal recessão e a inflação chegou a 200% ao ano. Tancredo Neves ganharia a presidência, num colégio eleitoral montado para eleger o candidato do governo, se a economia estivesse bem?

            A economia esteve também muito mal no governo Sarney e não mexeram com ele talvez porque saíamos de uma ditadura e o diferente momento provavelmente o manteve no poder. Mas diminuíram seu mandato de seis para cinco anos.

            Veio Collor de Melo e, no meio de uma hiperinflação, sofreu impeachment. Alguém acredita que, se a economia estivesse bem, ele cairia por causa de um Fiat Elba? Dilma Rousseff cairia por causa de uma tal de pedalada fiscal?

              E sempre que ocorrem essas anomalias políticas se tem por trás o respaldo indireto da maioria da população que está descontente com a situação econômica.

            Quando Bolsonaro fala em manifestação social, citou antes até o caso do Chile, ele deve estar de olho nesse fenômeno da história. Problemas econômicos e desemprego levanta o mau humor nacional. Em torno disso a classe politica se movimenta. Bolsonaro está com um olho na história e outro no momento.

          Daí querer abertura na economia para ter algum crescimento no ano, mesmo enfrentando descontentamentos de quem defende quarentena para aliviar os males da doença que nasceu na China.

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político

E-mail: pox@terra.com.br   Site: www.alfredomenezes.com



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