A magia do texto é uma coisa além dele, não é ele mesmo. Às vezes, o que atrapalha escrever é ter de usar palavras.
Minha irmã pinta, na tela branca... Meu pai fazia esculturas, na madeira e na pedra. Meu irmão fala e diz com as pessoas.
Se eu pudesse escrever não usando palavras acho que acharia a magia da frase e poderia tentar explicar para você, Amigo Leitor, sobre o fogo que queima dentro de algumas pessoas. Para mais, um fogo que não tem jeito de se apagar, mesmo com toda água do mar.
Ocorre que às vezes a gente é chamado e não sabe bem como ir, mas vai...
Da onde vem essa força, essa magia que nos acorda, levanta e nos põe no meio da rua? (Fernando Brant)
Há pessoas que incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para elas sem pestanejar, disse Galeano, sem sentir a quentura da vida. Sorriem e continuam. Frustram-se com essa grande brincadeira que é a vida, e seguem, e encontram de novo a satisfação. Animam-se ordinariamente.
Uma delas me disse que o movimento é a força criadora. Outra disse que sempre aparece anjos para alegrar nossos pensamentos. Dizem que nada se faz sozinho, é preciso muita gente para mudar o mundo. E me disse ontem uma dessas: se é inatingível não é motivo para não querer.
Os mistérios do fogo eu vi em alguns professores de 20 anos de profissão, que estudam, preparam suas aulas e entram na sala, ensinam para muitos. Atentei em alguns policiais, que mesmo com falta de estrutura, mesmo às vezes massacrados, cumprem sua missão honrosamente. Naqueles que mesmo contra a correnteza continuam... com alegria.
Clarice lembra que a subida mais escarpada, e mais à mercê dos ventos, é sorrir de alegria.
Leitora Amiga, somos um monte de fogueirinhas e a chama não tem pavio.
*Emanuel Filartiga é promotor de Justiça em Mato Grosso.
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