“A ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela”, Maquiavel.
Pensar que está no topo do poder ou no controle de outras pessoas e não saber o que fazer leva supostos líderes a criarem teorias de dominação baseadas em utopias ou em crenças inadequadas sobre a evolução natural da humanidade. Isso ocorre a partir de um vazio existencial de estar no poder ou de pensar que está no poder e não ser reconhecido como tal.
O foro de São Paulo surgiu na década de 1990 para dominar a América Latina. No fundo não ajudou a ninguém, somente aos próprios participantes a subirem as escadas do poder no continente. Hoje, com menor credibilidade, até pela falta de intelecto, vem aí o Brasil Profundo.
Em ambos os casos é uma forma destas pessoas se perpetuarem no ativismo improdutivo, mandando e vivendo à custa dos demais. Do ponto de vista antropológico podemos ver centenas de registros destes eventos ao longo da história e em várias partes do mundo. Há casos desastrosos que levam uma nação inteira a guerras e a destruição.
Na falta do que fazer para justificar a existência de seu suposto poder, criam conspirações, fantasias aterrorizantes e ideologias nervosas com base em crenças separatistas (o bem versus o mal) e até fantasmagóricas (vão acabar com sua liberdade, dominar suas crianças...), sempre na perspectiva destes mesmos seres “iluminados” dominarem os demais e se tornarem os deuses de um novo mundo para reinar sobre as outras pessoas.
A regra é simples, vem vomitando conceitos e condutas sempre para os outros cumprirem. Como se isto salvasse alguém ou levasse a felicidade de existir aos outros, menos a si mesmo. Já afirmara Maquiavel: “Os homens quando não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição”.
São seres com desejo enorme de serem reis do mundo pela sua verdade inventada ou justificada por aquilo que lhes dá status, poder, vantagem ou prazer. É a gêneses dominadora e imbecil que atormenta normalmente corpos preguiçosos que evitam suar para ganhar seu próprio sustento. Verifique que são pessoas cujo ganho sempre vem do suor dos outros. Por isso se colocam na condição de “lideres”, mas são apenas pelo que falam e não pelo que fazem, como realmente deveriam ser os lideres.
Um velho ditado popular já dizia que “cabeça vazia é oficina do diabo”. Neste caso, é cabeça vazia de humanismo mesmo. Pois acreditam que objetificando os semelhantes eles se tornam o próprio Deus.
Devido a isso, pregadores religiosos fervorosos normalmente têm mais preocupações em salvar as vidas das outras pessoas do que cuidar de salvar suas próprias vidas, pois constantemente caem em contradições que vão das pequenas ilicitudes até os mais graves crimes. Isso tem nome. Não é fé. É negócio que fala né?
O mesmo conceito se aplica a política. Quando os dois, política e religião, se misturam no topo da pirâmide, os demais seres mortais passam a ser marionetes para interpretar os desejos nem sempre inclusivos dos justiceiros do rei. A humanidade é assim desde a criação. Por isso a bíblia e os achados e estudos antropológicos estão cheios de exemplos contundentes.
Políticos cheios de verdades que querem a todo custo consertar a vida dos outros, rotando comportamento e atitudes aos demais, normalmente não aplicam nada a sua própria existência e nem as de seus familiares.
Nestes casos, tanto o pessoal do foro de São Paulo quanto do Brasil profundo tem como premissa a ambição de poder, para tanto usam frases que envolvem Deus, pobres, famílias, liberdade apenas para mobilizar pessoas e transforma-las em ferramentas para atingirem seus objetivos pessoais. Para Tácito: “ A ambição de poder é a mais forte de todas as paixões”.
Olhando as fotos das pessoas que participaram do Foro de São Paulo e agora a foto do cartaz do Brasil Profundo fica a pergunta: como pode juntar tanto egoísmo e tanta ambição de poder em um único cartaz? Ninguém destas fotos aguenta cinco minutos de auditoria. Como afirmou Mahatma Gandhi, “há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”.
João Edisom é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.
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