O Memorial Rondon continua abandonado pelo Poder Público seis anos após a sua inauguração. O projeto começou a ser pensado em 1997, a obra começou em 2001, mas só foi concluída em 2015 a um custo de R$ 3 milhões. A inauguração foi uma festa que reuniu autoridades, visitantes e moradores de Mimoso, distrito de Santo Antônio de Leverger e terra natal do ilustre mato-grossense marechal Cândido Mariano Rondon.
Hoje, o que se vê é o abandono, que só não é total porque amigos e descendentes do marechal resolveram assumir alguns cuidados do prédio. Andar pelo local exige alguns cuidados: teias de aranha se acumulam pelas paredes e telhados, o piso de madeira dá sinais de deterioração e acumula fezes das aves que fazem seus ninhos por toda parte e o mato toma conta dos espaços livres.
Janelas e portas estão enferrujadas e nem os bebedouros funcionam.
Os painéis com fotos antigas das andanças do marechal Rondon, que estavam lá na inauguração, continuam no mesmo espaço, mas já em visível estado de deterioração e outras fotos estão despencando das paredes, uma amostra de que o espaço cultural nunca chegou a funcionar como deveria, confirmando a falta de planejamento do Poder Público.
A integração ao ambiente local permite que bois e cavalos usem a parte de baixo do memorial para descansar e aproveitar a sombra – tão valiosa no calor registrado nesta região do Brasil.
Somente na parte superior do prédio há um espaço mais preservado, graças ao desprendimento de moradores da região, que formaram uma Associação de Amigos da Sala de Memória Rondon e Familiares, que se dedica a cuidar de um pequeno acervo de livros, fotos e objetos que esperam por visitantes. Apenas alguns banheiros funcionam e o material de limpeza é comprado mediante a doação de moradores da região.
No local, há um livro para registrar os dados dos visitantes, que chegam a 300 por mês. Muitos são de outros países que ouviram falar das histórias do marechal Rondon e esperavam encontrar ali um pouco do que foi a saga desse brasileiro. Que decepção!
Nem mesmo é possível exibir filmes e documentários sobre Rondon para estudantes e pesquisadores.
No andar de baixo, algumas barraquinhas para venda de doces, geleias e outros produtos de moradores da região.
A esperança se renova recentemente com o anúncio de que uma emenda do senador Wellington Fagundes vai proporcionar a restauração do memorial e sua transformação em um centro de pesquisa do bioma pantanal, envolvendo a Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto Federal e a Unemat.
A esperança é a última que morre!!
Justina Fiori é historiadora e jornalista.
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