O título ali é da revista inglesa, The Economist. Essa tal doutrina a foi criada nos EUA no século 19 e previa a “América a para os americanos”.
Os EUA começavam a crescer economicamente e diziam para a Europa que, dali para frente, ele mandava na área. Até mesmo se fosse para cobrar dívidas na região os EUA fariam isso e mandariam o dinheiro para o emprestador. Mais tarde velo o corolário Roosevelt à Doutrina, aumenta o alcance da doutrina.
Dizia que países da América Latina eram como crianças, que se devia orientá-los para crescer. Se, em alguns momentos, se rebelam, mostram-se indóceis, que se use um porrete e dê-lhe uma cacetada. Dai a chamada política do big stick ou grande porrete. Não é chiste, está na história. Tenho isso em detalhes num livro.
Voltando aos tempos atuais. A escolha do presidente do BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, numa imposição de Donald Trump, foi o motivo inicial para a matéria da revista inglesa. O BID, desde sua fundação, em 1959, teve sempre um presidente latino americano. Agora Trump impôs um norte americano.
Muitos países foram contra, mas não se teve quórum suficiente para derrubar a indicação porque muitos outros países, com o Brasil à frente, aceitaram a imposição de Trump. O próximo presidente do BID, no lugar de um colombiano, seria um brasileiro. O governo Bolsonaro abriu mão.
Mas não é somente isso. Este país aumentou a taxação ao aço do Brasil exportado para lá. Por outro lado, o governo brasileiro, permitiu a entrada de alguns milhões de litros de etanol dos EUA no Brasil sem pagar taxa. O último acordo sem taxação terminou em 31 de agosto último, mas o Brasil resolveu estender isso por mais três meses.
A intenção, no fundo, seria beneficiar a eleição de Trump. Ele pode vender a ideia nos lugares que produzem etanol de milho, no chamado corn belt, para ter votos na eleição de novembro. E se ganhar Joe Biden dos Democratas, como o novo governo norte americano olharia para o Brasil?
O Brasil pleiteia, em contrapartida, que os EUA abaixem a taxação à entrada do açúcar brasileiro naquele país. Permitiram agora em 80 mil toneladas, parece até brincadeira. BID, etanol, aço, açúcar, tudo para lá e nada para cá. Estranha maneira de politica internacional.
O outro motivo para os EUA assumirem o BID seria para “enfrentar” os empréstimos da China na região. Este é o grande tema do momento latino americano. Nosso principal parceiro hoje é a China e os EUA querem meter uma colher de pau nisso. Antes fizeram com a União Soviética, num contexto diferente.
Já mostrado antes pela coluna, o Brasil tem déficit comercial com os EUA e enorme superávit com a China. Os EUA não compram produtos de MT, a China sim. Vamos atrapalhar isso por que os EUA de Trump querem? É a volta da Doutrina Monroe?
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br Site: www.alfredomenezes.com
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