O Brasil finalmente trabalha para diversificar sua logística de transporte de cargas, hoje concentrada em 65% nas rodovias. O atual governo federal, por exemplo, atua para que o modal ferroviário passe dos atuais 15% para 30% em menos de cinco anos. Também há estudos e investimentos para ampliar a participação do transporte hidroviário e dutoviário. É uma ampliação necessária e urgente considerando as dimensões continentais do país e diante da importância e do crescimento das exportações agrícolas nacionais.
A integração entre os modais fortalecerá o transporte rodoviário, proporcionando uma mudança de patamar. Uma melhoria para o setor em vários aspectos e, especialmente, mais qualidade de vida e trabalho para aqueles que são os verdadeiros protagonistas do transporte de cargas, os motoristas de caminhões.
Os caminhões ainda serão necessários para fazer o caminho entre a indústria, o campo, os silos, as tradings e os terminais de transporte, sejam ferroviários, portuários, aeroportos ou dutos. Com modais diversificados, a rota da carga pelas rodovias tende a ser reduzida, com a melhora das condições de infraestrutura das rodovias, redução dos custos com combustíveis, menos pedágio, manutenção dos veículos e frota, e especialmente, mais segurança nas estradas com menos veículos pesados trafegando por milhares de quilômetros.
Os caminhoneiros poderão trocar as longas viagens, que podem durar dias, por trechos mais curtos, permanecendo mais perto de casa, com condições de cuidar melhor da família e da própria saúde.
As condições de saúde dos motoristas de caminhões é uma das principais preocupações das associações e entidades que trabalham com transporte de cargas. Neste momento grave, de pandemia, são eles quem estão nas estradas garantindo o abastecimento de alimentos, remédios, produtos de higiene e combustível para toda população brasileira. Não pararam de trabalhar em nenhum momento nos últimos quatro meses.
Muitos são os fatores que fragilizam as condições físicas destes profissionais que têm uma vida de privações, como a falta de exercícios físicos, a condição de trabalho extenuante que exige muitas horas por dia sentados, alimentação inadequada e até a carência de alimentação durante um dia inteiro. Com a pandemia, a situação se agravou, pois boa parte dos restaurantes e lanchonetes a beira das rodovias fechou. Para eles, os fatores de risco para contrair o novo coronavírus se intensificam devido à grande mobilidade, a ausência de condições adequadas de higiene, com a falta de locais pelas estradas até mesmo para lavar as mãos.
Para reforçar os cuidados com a saúde dos motoristas, este ano os caminhoneiros autônomos, motoristas profissionais do transporte rodoviário de cargas, motoristas do transporte rodoviário interestadual de passageiros, motoristas e cobradores do transporte coletivo urbano de passageiros e trabalhadores portuários foram incluídos no público-alvo da vacinação contra a gripe.
Em Mato Grosso, a união entre a Polícia Rodoviária Federal, a Associação Brasileira do Segmento de Reformas de Pneus (ABR), Sest/Senat, Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC), Concessionária Rota do Oeste e as prefeituras de Cuiabá e Sinop, possibilitou a vacinação de 2.200 caminhoneiros em ações ao longo da BR-163. A procura foi intensa. Os caminhoneiros deram um bonito exemplo de cuidados com a própria saúde e busca de prevenção ao novo coronavírus. Em todo o país, a Confederação Nacional do Transporte estima que foram vacinados pouco mais de um milhão de trabalhadores do transporte foram vacinados.
Um cuidado mínimo e necessário a essa categoria essencial, sofrida, e ainda pouco valorizada no Brasil, que no próximo dia 25 de julho celebra sua data, Dia do Motorista/Dia de São Cristovão. Merecem todos as homenagens e gratidão. Estão sendo guerreiros, rodando o país neste momento em que a maioria de nós precisa ficar em casa para garantir a saúde de todos.
Margareth Buzetti é empresária, presidente da Associação Brasileira do Segmento de Reformas de Pneus (ABR) e da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC).
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