Atribuir o dia 19 de dezembro como o dia da poesia em Mato Grosso, é memorável, pois nesta data comemora-se o aniversário de um dos maiores poetas brasileiros do século XX, Manoel de Barros, cuiabano nascido no bairro do Porto. “Venho de uma Cuiabá de garimpo e ruelas entortadas...”, diz o poeta em seu “Autorretrato falado”.
“Poesia é voar fora da asa”, nos conta o poeta, ao referir-se a quanto ela nos permite voar e sermos livres.
É extraordinário perceber como a poesia nos ajuda a voar, viajar, e até mesmo a refletir sobre tantos aspectos da vida. Ao trabalhar com meus alunos a literatura mato-grossense e seus respectivos autores, percebo o quanto eles ficam encantados. Nesse trabalho conheci autores que tem na alma a poesia. E são encantadores. Outro aspecto relevante é como a poesia transforma e faz e faz com que as pessoas possam ir muito além da imaginação. Apresentar a literatura e os autores mato-grossenses aos alunos, utilizando a sua produção como recurso didático e de formação, nos têm dado resultados extraordinários. O sentimento de pertencimento faz com que haja uma grande conexão e empatia por parte dos alunos, e percebo um “despertar de sensibilidades”.
Nesse contexto, o dia da poesia deve ser lembrado e trabalhado em todas os níveis escolares para que o aluno tenha contato com ela desde cedo e a incorpore, sem mesmo compreendê-la, a princípio. Outrossim, é necessário estimular a criança desde cedo a conhecer esse mundo encantador que começa na infância.
Considero que o dia da poesia deva ser lembrado e comemorado em todos os âmbitos, visto que por meio dela podemos voar sem asas.
E você, já leu uma poesia hoje?
*Silbene Rapozeiras
Professora de Literatura do Colégio Salesiano São Gonçalo
Destaco duas poesias para o dia de hoje, a primeira do estudante Thiago da Costa Pereira, de 16 anos e a segunda da aluna Rafaela Rodrigues de Moraes, de 17 anos, ambos do 2º ano do ensino médio do Colégio Salesiano São Gonçalo. Confiram:
Viva a poesia, minha psicologia
Autor: Breu
Basta de paroxetina e sertralina!
Traga-me caneta à mão,
Para que surjam as palavras sem disciplina!
A poesia é minha maior remediação,
Ainda que sua exigência seja dura e salina.
Neste espaço, o mundo a mim pertence!
Sol e Lua se tornam cada olho,
Estrelas viram minha lágrima circense,
E a língua, danosa quanto fuzil de ferrolho,
Amansa e se vê praia ao que pense.
A saliva? São os oceanos de agonias em meu entrefolho!
Ademais, escrever é pura psicologia!
A existência é ácida e sarcástica:
Despoja-me todo vigor, cria utopia
E traz melancolia nesta fala artística!
Descrevo o que vivo: ilusão e fantasia!
Ah,como és benigna, Metalinguística!
És nesta escritura minha maior primazia!
Nada sou, mas agora me faço imperador;
Muito acima de Júlio César ou Napoleão,
Pois domino o maior poder: o do trovador,
Que com lirismo conquista a multidão
E traz aos fidalgos devaneio encantador!
Viva a poesia e vivam a poesia,
Pois é mãe que alivia quem está em martírio
E é aos enfermos a mínima anestesia,
Antes que seus nomes parem em obituário
E seus espíritos fujam em macabra folia.
(Por Thiago da Costa Pereira, 16 anos, aluno do 2º ano do ensino médio do Colégio Salesiano São Gonçalo)
Aguabçna
As palavras se amontoam em minha mente
Como uma reação Química
Sinto meu corpo diferente
Não consigo controlar
Se quiser ver frente a frente
Venha aqui e sente
Meus dedos doem
Há algo que os corroem
Frente a frente deságua
Aqueles que existiam antes se mim
Levantem suas asas e voem
Pois dentro de mim as palavras roem
Se amontoam como uma bagunça
Querem algo me dizer
Até que a mais forte vença
Não sabemos quem vai perder
Alguns dizem ser doença
Aquilo que eu insisto em ter
Mas digo: "é esperança"
Pra mim, para ele, você.
(Por Rafaela Rodrigues de Moraes, de 17 anos aluna do 2º ano do ensino médio do Colégio Salesiano São Gonçalo)
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