• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

A nova realidade partidária

Com as mudanças nas regras de financiamento de campanha, cláusula de barreira e fim das coligações na proporcional, é possível afirmar que a realidade dos partidos políticos mudou radicalmente. Com isso terão que mudar de forma de fazer política ou a sigla irá para o caminho da extinção. Dois terços dos partidos existentes hoje deverão desaparecer já nos próximos dez anos, dentre estes, siglas partidárias tradicionais.

Os partidos políticos precisarão estar atentos porque a cultura das velhas práticas serão exterminadoras de siglas. O Brasil tem hoje 35 partidos registrados, com 28 representados no Congresso, que é o realmente que importa. Destes, 22 terão acesso ao fundo partidário, mas menos de 10 partidos terão realmente recursos para aplicar efetivamente já nas candidaturas em 2020.

Com isto, teremos um encolhimento gradativo principalmente dos partidos fisiológicos, fato que iniciou em 2018 e vai ser concluído em 2030, quando a clausula de desempenho ou barreira atinge seu maior e definitivo patamar. Passada a transição, o Brasil deve ficar com algo em torno de dez siglas partidárias em condições efetivas de disputa.

A pergunta é: quais partidos irão sobreviver? A resposta é fácil: sobreviverão aqueles que mudarem a forma de fazer política interna, uma vez que a peça mais importante será a militância qualificada e não o número de filiados. Embora não seja possível fazer uma coisa sem a outra, a nova realidade faz necessário ter um filiado ativo politicamente.

Considerando que o uso de caixa dois vai continuar criminalizado e que o gasto na campanha fica restrito ao fundo público de campanha e os CPFs (pessoa física), é notório que faltará dinheiro e neste caso a campanha deverá ser tocada pela militância partidária, ou não haverá campanha.

A tendência são os partidos construírem bandeiras com atividades orgânicas. Prática hoje restrita apenas a algumas siglas partidárias de esquerda.

A profissionalização partidária passa pela contratação permanente de advogado especializado, contador com conhecimento de causa e consultoria em gestão de crise e imagem. Tudo isso para organizar, qualificar e manter padrões de conhecimento, convencimento e comportamento de seus filiados entre os intervalos sem eleição.

Esta responsabilidade recai sobre os diretórios estaduais dos partidos, uma vez que os recursos partidários na municipal não permitem montar tal estrutura. Mas tudo estará no município. Então o partido que não possuir militância qualificada para exercer com qualidade as candidaturas a cargos e funções de vereador e prefeito, fatalmente não terá equipe para fazer as campanhas de deputados estaduais e nem federais nas eleições subsequentes.

Resta-nos saber quantos partidos querem e farão esforço para sair das velhas práticas. Isso significa manter cursos de formação política, formação continuada e programas de filiações. Ou é isso ou é a extinção. Profissionalizou. Quem viver verá.

 

João Edisom de Souza é Articulista, Professor de Ciências Política, Consultor Político, Gestor de Comunicação, Imagem e Crise, Comentarista político da rádio Jovem Pan, jornal da manhã



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