• Cuiabá, 06 de Dezembro - 00:00:00

Acordem prefeitos!

Participei nesta segunda-feira (03) da abertura dos trabalhos da Frente Parlamentar em Defesa do Vale do Rio Cuiabá que terá a missão de apontar soluções para alavancar o desenvolvimento e crescimento econômico dos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento, Santo Antônio do Leverger, Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Jangada, Nobres, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Poconé e Rosário Oeste. Uma discussão que não é nova, mas que a Frente deve se desdobrar para tentar solucionar antigos entraves.

Com a presença de meia dúzia dos 13 prefeitos envolvidos, o coordenador da Frente, deputado Faissal Calil (PV), não desanimou e reafirmou que vai trabalhar para encontrar soluções eficazes para o desenvolvimento e o crescimento do Vale. Pessoalmente, lamentei muito a ausências dos gestores da capital e de Várzea Grande, os dois maiores atores nessa história que só terá um final feliz se houver engajamento e espírito de união. Não adianta Cuiabá e Várzea Grande ostentarem os maiores IDHs do Estado se os vizinhos ao redor amargam os piores índices de desenvolvimento humano entre os 141 municípios. Precisamos nos ajudar e crescer juntos.

Nem é preciso falar muito para convencer os prefeitos de que a agricultura familiar é a grande vertente a ser explorada atualmente. Se aliada ao turismo, triplicará o seu poder de fogo. O próprio Governo Federal se gaba de, em 2018, ter visto a agricultura familiar se tornar um importante peso na economia brasileira. Com um faturamento anual de US$ 55,2 bilhões, caso o País tivesse só a produção familiar, ainda assim estaria no top 10 do agronegócio mundial, entre os maiores produtores de alimentos.

As informações são oficiais e fazem parte de uma comparação entre dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Quando se soma a agricultura familiar com toda a produção, o Brasil passa de oitavo maior para a quinta posição, com faturamento de US$ 84,6 bi por ano. O último Censo Agropecuário também dá lastro a agricultura familiar como base da economia de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa e por mais de 70% das pessoas ocupadas no campo.

Isso é um quadro geral. Quando se vai para o regional as coisas não ficam tão bonitas, mas não deixam de ser animadoras. Segundo a Empaer, nos 13 municípios do Consorcio do Vale do Rio Cuiabá, presidido pelo meu amigo e colega de partido, prefeito de Santo Antônio do Leverger, Valdirzinho, há cerca de 17 mil famílias de agricultores familiares. Em todo Mato Grosso são cerca de 140 mil famílias. Animador, não? Mas há também um dado assustador: Há pelo menos 100 mil jovens desempregados na região e outros tantos que vivem abaixo da linha da pobreza.

É fato que Mato Grosso precisa melhorar a qualidade de vida na agricultura familiar e não será difícil se oferecer os serviços da Empaer, criar projetos de irrigação, proporcionar crédito e criar mecanismos para a comercialização. É lógico que junta se a isso uma série de outras ações como manutenção de estradas, pontes trafegáveis e por aí vai. Também é certo que para manter e aumentar sua participação na produção de alimentos, a agricultura familiar precisa superar alguns desafios. Estes têm relação com o avanço nas técnicas de manejo agrícola, maior valorização econômica e social do setor e necessidade de maior conhecimento técnico, entre outros.

Estudo da UFMT aponta que a nossa realidade precisa mudar. Segundo a Universidade Federal, pelo menos 250 mil pessoas da agricultura familiar vivem apenas com um salário mínimo (R$998). Isso poderia ser ampliado para dois, três e até mais salários mínimos com um apoio consistente e contínuo. Não me restam dúvidas de que o crescimento de qualquer município, mesmo os produtores de soja, passa pela agricultura familiar. O agricultor familiar tem grande importância nesse contexto. Acordem prefeitos!

 

Toninho de Souza é jornalista e deputado estadual em exercício pelo PSD.



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