Ainda repercutem as falas do presidente eleito e de pessoas ao seu redor sobre assuntos internacionais. Espera-se que a indicação do futuro Ministro das Relações Exteriores possa diminuir ruídos nessa área de enorme interesse comercial para o país e também para Mato Grosso.
Volta-se ao caso da China, Oriente Médio e acrescenta-se um terceiro, o Mercosul, agora com alguns números do comércio do Brasil e de Mato Grosso com esses mercados.
Em 2017 a China comprou 47 bilhões de dólares de produtos do Brasil. Importamos 27 bilhões, superávit de 20 bilhões de dólares. Em 2000 o Brasil exportou para a China 1.1 bilhões dólares, em 2010 pulou para mais de 30 bilhões e agora anda beirando 50 bilhões.
Em 2017 a China importou 11.7 milhões de toneladas de soja de MT dos 18 milhões exportados pelo estado. A China comprou 65% da soja exportada, portanto. O segundo país que mais importou soja de MT foi a Espanha em 2017, com 1.2 milhões de toneladas. Menos de 10% do que a China comprou. Ter problema de comércio com os chineses pode provocar um problemão para o Brasil e também para MT.
Os EUA importaram do Brasil em 2017, 27 bilhões de dólares. Tivemos um superávit de dois bilhões, coisa rara porque os EUA tiveram superávit nos últimos anos. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e de MT.
Fala-se em mudar a embaixada do Brasil para Jerusalém. Os árabes não gostaram. O Brasil, em 2017, vendeu 11 bilhões de dólares de produtos para o Oriente Médio. O superávit nosso foi de oito bilhões. Arrumar também confusão por este lado não seria nada para bom para Mato Grosso que vende carne bovina e de frango para aquele lugar do mundo.
Paulo Guedes, futuro Ministro da Fazenda, disse que o Mercosul não é prioridade. A Argentina, parceira maior do Mercosul, é o terceiro maior mercado comprador de bens do Brasil. Em 2017 vendemos ali algo como 14 bilhões de dólares ou quase 8% de tudo que exportamos para o mundo. Compramos da Argentina mais de 6% do total de nossa importação.
A média de superávit primário anual para o Brasil nesse comércio nos últimos anos está na faixa de quatro bilhões de dólares. Dado importante: a maior parte de produtos que os argentinos compram são manufaturados. Além de vender carros, tratores, autopeças, em sapatos, o Brasil tem 34% do mercado argentino, a China tem 20%.
Agora, o Mercosul não pode atrapalhar o Brasil em buscar novos acordos comerciais. Uma integração econômica exige que os parceiros integrados só possam estabelecer, em bloco, comércio com outras integrações. Se um não quer a coisa empaca. Encontrar meios para desamarrar nó desse tipo é que tem que ser prioridade.
Não dá para imaginar que a futura politica comercial do país vá diminuir o intercambio que o Brasil tem hoje com a China, Oriente Médio e o Mercosul. Este assunto interessa muito a Mato Grosso.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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