Escrevi neste espaço artigo recente lembrando que o agronegócio surgiu na política mato-grossense através do deputado federal Jonas Pinheiro, depois senador e porta-voz do setor. Mas na eleição de Jonas senador, já teve como seu suplente Blairo Maggi, desconhecido produtor. Em 2002 elegeu o próprio Blairo a governador. Ali começava de fato a presença do setor mais forte da economia estadual dentro da política.
Em 2018 o setor entrou com Blairo abrindo mão da política e deixando vazio os seus espaços. O setor tentou mas não se juntou em torno de projetos políticos. Vai sair da eleição tão pobre quanto estava em 1994 na eleição de Jonas Pinheiro. Esperava-se que os espaços de Blairo, cujo mandato vence neste ano, fossem ocupados por um projeto de ocupação política.
No entanto, o que se vê é um silêncio constrangedor parte do setor economicamente mais forte do Estado. Considerando as profundas transformações que sofrerá a economia brasileira nos próximos anos, em especial a de Mato Grosso, seria indispensável que o agro tivesse voz política. Não só interesses a defender, como projetos a desenvolver numa tendência de privatizações de setores hoje problemáticos ao desenvolvimento estadual. Exemplo, a logística, a educação e a segurança jurídica em setores como o fazendário, o ambiental e os incentivos fiscais, pra citar só alguns.
As candidaturas ao Senado ligadas ao agronegócio parecem definhar sem projeto e sem apoio financeiro e institucional. Nas de governador o setor também não se mexe. Recebi informações recentes de que algumas lideranças do setor acreditam que depois da eleição podem “convencer” os eleitos.
O que tudo isso revela de concreto parece simples. O agronegócio não se interessa pela política e deixará se perderem as lideranças que construiu até hoje. Excesso de confiança no poder de “convencimento” ou seguirá carreira solo longe da política. Nos dois casos, a fatura será muito alta ao longo do tempo...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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