Não são poucos os que esqueceram o poder do sorriso. E até parece contraditório falar em poder, pois essa palavra geralmente é vista com negatividade. Mas, em si mesmo, ter poder pode (repetição interessante, não?) ser visto como algo positivo, pois significa a capacidade de ter a potência de realizar algo numa sociedade em que geralmente o poder de infringir a aceitação prevalece.
Perder o poder de sorrir significa deixar de praticar uma das atividades mais importantes do ser humano, que é a de desconstruir a si mesmos e aos outros justamente pelo surpreendente, inesperado e derrisório. Rir de si mesmo e do outro são esferas essenciais da saúde mental.
É o palhaço que faz rir geralmente o artista mais completo do circo. Sabe um pouco de cada especialidade do espetáculo, o suficiente para colocar cada habilidade em uma nova perspectiva, aquela que faz rir, porque lida com o muito grande, o muito pequeno, o muito rápido ou o muito lento.
É nas esferas do novo que o riso se realiza. Quando se pensa nas brincadeiras de criança ou no sorriso delas ali está o sentido da vida. Pode parecer piegas, mas é de assustadora sinceridade verificar como a matriz de tudo está ali. É no rir sem saber da grandiosidade que esse ato encerra que a criança tira seu poder de transformar o mundo. Falta aos adultos o poder de perceber isso...
Oscar D'Ambrosio é mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Ainda não há comentários.