• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Roda Presa

Este é um ano de macro eleições. Elas irão ocorrer aos trancos e barrancos das operações policiais, denúncias e descréditos. Por isso cabem reflexões sobre os nossos desejos. Seja “o Brasil que eu quero”, ou simplesmente como eu gostaria de ver meu país daqui para frente. O mundo evolui apesar dos rodas presas.

Acontece que temos vários tipos de grupos. Os maiores estão envoltos em grandes polêmicas. Há uma categoria que se diz classe trabalhadora que pouco ou nada faz a não ser receber para viver parado e reclamando.

Há outras classes oriundas das oligarquias que viraram “donos do capital”, por herança ou espólio de benefícios indevidos. que apenas usufruem dos frutos da nação e  se esbaldam em riquezas sem delas merecerem. Vivem do status quo e do glamour estético.

Na contramão de tudo isso há um brasileiro que trabalha e empreende. Sem rótulos e sem tempo, não faz greve, não para o trânsito e quando viaja é a trabalho. Este faz um país melhor sem voz e sem vez. As duas categorias anteriores sobrevivem graças ao suor do rosto deste.

Precisamos construir um Brasil para além das ideologias do milênio passado, para além dos povos dos chás (nobreza) ou das passeatas (classistas). Direita ou esquerda já não atendem as novas necessidades porque o mundo já não é mais o mesmo daquele quando tais conceitos foram criados.

Quem se faz de vítima para viver da culpa das classes mais abastadas joga o país para o século XIX. Quem acha que deve ganhar sozinho toda a sobremesa do mundo porque nasceu ou está vivendo privilegiadamente empurra o país para a Era da escravidão.

O novo Brasil vai se construindo vagarosamente pelas mãos de quem aprende trabalhar e viver em redes. Seja do conhecimento, seja das múltiplas políticas de acesso por competência e esforço. Sempre no sentido de suprir as necessidades alheias.

Não importa quanto você tem e onde você está na pirâmide, o que vale é o quanto você está disposto a fazer para servir e não para usufruir. Isso é consequência e não causa. A ideologia do século passado era uma busca da satisfação do eu. Hoje vivemos a satisfação do outro.

A eleição seria uma grande oportunidade de acelerarmos este processo, mas não há luz no fim do túnel. As universidades não saíram de 1968. As políticas ainda estão construindo Constituição (década de 1980) e os ditos trabalhadores ainda veem o trabalho como castigo (revolução industrial). Séculos XVIII e XIX.

O brasileiro precisa sair da “zona de conforto” do passado que nunca viveu para um presente que atropela conceitos e recria necessidades até então inesistentes. Não importa em que, mas todos precisam trabalhar de verdade, é hora de destravar a roda.

 

João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.



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