As pesquisas de intenções de voto são sempre muito polêmicas, mas se observarmos, independente do instituto que esteja trabalhando a amostra, os resultados há mais de um ano vem sendo muito parecidos. Por isso, com base na última pesquisa, resolvi fazer alguns cenários para tentarmos interpretar melhor nosso eleitorado.
A pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta segunda semana de março, traz os números para a próxima eleição e vem reafirmando o vazio politico vivido pelo país. Um pouco em função da crença de que para ser representante de um grupo, setor ou categoria não precisa de conhecimento, tendo sentimento basta. Um erro! Nunca deu certo em país nenhum até hoje. Mas vamos apenas aos fatos da coleta de dados.
Primeiro, quanto a rejeição dos pré-candidatos: a menor em relação os nomes apresentados na pesquisa é do ex-presidente Lula, com 46.7%, neste quesito ele seria disparado o favorito, uma vez que Temer tem 88%, Rodrigo Maia 55%, Marina Silva 53.9%, Geraldo Alckimin 50.7% e Jair Bolsonaro, com 50.4%, não teria nenhuma chance.
Ciro Gomes, com uma rejeição de 47.8% está logo acima de Lula, mas com uma aprovação em torno de 8%, baixo para ser eleito. Por este quadro, isso significa em tese que Lula poderia levar a eleição já no primeiro turno.
Segundo, agora por aceitação, lembrando que Dilma Rousseff foi eleita com apenas 38% do total de eleitores e o próximo presidente deve ser eleito com algo em torno de 35%. Lula aparece com 33.4% do total de intenção de votos, enquanto os demais juntos chegariam a 41.4%. Neste caso teria um segundo turno e ai o provável é que os eleitores de Marina Silva, 7.8%, Ciro Gomes, 4.3%, e Manoela D’Ávila, 0.7%, se juntem aos votos de Lula, totalizando 46% dos votos.
Do outro lado teríamos os representantes do centro direita, 29.2% do total dos votos, que são as somas de Jair Bolsonaro, 16.8%, Geraldo Alckimin, 6.4%, Álvaro Dias, 3.3%, Fernando Collor, 1,2%, Michel Temer, 0.9%, e Rodrigo Maia, 0.6%. Neste caso a soma dos votos nulos, brancos e abstenções seria de 24.6%.
Em um outro cenário sem Lula e sem Temer, desta vez com Fernando Haddad em seu lugar, o bloco do centro direita teria 36.2% dos votos, enquanto o bloco do centro esquerda teria 25.3% e os votos nulos, brancos e abstenções subiriam para 38.5%.
Em um cenário só sem o Lula e com Haddad o substituindo, 38.7% estaria votando em branco, anulando ou deixando de comparecer, enquanto o bloco de centro direita chegaria 36.8% e o bloco de centro esquerda ficaria com 24.5%.
Conclusões segundo os dados desta pesquisa: Lula é do tamanho do bloco centro direita e maior que o bloco centro esquerda, logo faz todo o sentido a esquerda querer que ele seja candidato a todo custo e a direita querer fugir de uma disputa com ele.
Com isso não temos nem um Brasil a direita, nem um Brasil a esquerda, o que temos são blocos intolerantes e intoleráveis que deverão por a perder mais uma oportunidade de escrever uma história melhor para este país.
Pelos últimos acontecimentos Lula está fora do páreo, uma vez que o Supremo rejeitou o pedido de liminar e ele deve ser preso a qualquer momento. Mas com Lula ou sem Lula, esperança de dias melhores, infelizmente, são poucos. Na verdade precisamos de um brasileiro melhor para termos políticos melhores.
João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.
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