• Cuiabá, 28 de Setembro - 00:00:00

Protagonismo cinzento

            O governo de Mauro Mendes iniciou-se sob o peso de contas e de salários atrasados. O peso do Estado sobre a economia é grande. Atrasar salários e o pagamento de fornecedores pesa muito na economia geral de Mato Grosso.

            Já se sabia por antecipação que o cenário seria esse mesmo. O governador Mauro Mendes entrou carregando a faixa da crise no peito e começou a desfilar com ela depois de empossado. Talvez a diferença entre a sua gestão e a do ex-governador Pedro Taques seja a transparência assumida da crise. Mas na essência nada muda.

            A sociedade incorporou a ideia da crise. O serviço público não. Os poderes estão numa boa e não se queixam, embora a estrutura do Estado esteja dividida entre “eles” e “nós”. Mas a questão soa muito mais grave. Crise à parte, a sociedade aceita lidar com o assunto. Mas sempre a sociedade compreendeu esses momentos e lidou bem com eles desde que haja sinais de saída na frente.

            O governador e a sua gestão estão afundados no discurso da crise se esqueceram de traçar sinais animadores pro futuro. Dizer que as contas do Estado serão alinhadas não basta. Nem todo mundo lida com o Estado seja como servidores ou como fornecedores. Aliás, numa população de 3,4 milhões de habitantes, apenas 100 mil são servidores do Estado. E um percentual mínimo é de fornecedores de serviços ou de mercadorias ao governo.

            Está mais do que na hora do governo por a crise no seu eixo e abrir outra estrada: a de oferta do futuro. É preciso apresentar sinais de que percebe e está preocupado com o dia de amanhã.  Na medida em que o governador e as cabeças pensantes da gestão ficarem sentadas no palácio do governo, a mediocridade certamente os engolirá. Nada deixa um governante mais medíocre que o ambiente palaciano.

            Parece-me, salvo melhor juízo, que o governo Mauro Mendes entrou numa área cinzenta e está perdendo o protagonismo para a crise. A crise também faz parte da mediocridade. Sem protagonismo futurista, o resto será engolido pelo tsunami da mediocridade. Quatro anos passam depressa demais...!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com,.br   www.onofreribeiro.com.br        



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