• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

A dor ensina gemer

O governador Pedro Taques iniciou o seu mandato em 1º. de janeiro de 2015 surfando numa onda de aprovação popular quase absoluta. As contas públicas estavam bem, fora os problemas administrativos e jurídicos herdados tudo corria bem. Fez anúncios em linguagem de comando e escolheu o secretariado ao seu gosto pessoal. A onda indicava tempos de transformação jamais vistos no estado.

Mas política é a atividade humana mais instável que se pode imaginar. Um ano depois já enfrentava o inverno astral com a RGA dos servidores públicos, arranhões com os poderes e finalmente, em 2017, o desgaste profundo na esteira das contas públicas. Sem dinheiro e mergulhado em crise profunda o governador experimentou sentimentos conflitantes como o isolamento político e a solidão. Não é o primeiro e nem será o último. Mas que dói, dói.

Recordo-me dos últimos meses do governador Júlio Campos em 1986 assolado por crise financeira. Seu sucessor, Carlos Bezerra governou sob crises e desgastes crescentes do primeiro ao último dia. Silval Barbosa terminou sob extremo desgaste político e administrativo. Antes, Dante e Blairo terminaram em níveis aceitáveis.

No fim de 2017 o governador Pedro Taques começou a recompor a sua gestão muito desgastada. Parece estar aprendendo com a dor o melhor caminho de navegar em tempos de crises diversas que vão do desgaste institucional até a relação difícil com os poderes. Ao aprovar  a Proposta de Emenda do Tetos de Gastos, pode ver a chance de recompor as contas públicas em 2018. O desgaste da RGA foi menor e a relação com os poderes começa a se recompor.

O desespero pra não atrasar salários levou-o a um esforço imenso em Brasília pra levantar a tempo os quase R$ 500 milhões do FEX e de dívida antiga da Conab. Esteve lá sucessivas e vezes e terá que voltar outro monte de vezes pra viabilizar o exercício de 2017 no azul. Do que foi lembrado no começo deste artigo, Pedro Taques está passando por um severo aprendizado. Bastante solitário luta em Brasília junto a uma morna bancada federal pra aprovar a Medida Provisória que liberará o FEX.

Antes tarde do que nunca. Mas o Pedro Taques que entrará em 2018 será muito diferente de 2015. Três anos duros de pancadaria. Por isso o título deste artigo. Não é possível governar apenas com desejos pessoais. O Estado é uma máquina política muito complicada cheia de interesses e de cenários que mudam a todo momento. Não admite ser governador por dogmas.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br



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