Estamos a menos de um ano de irmos às urnas naquela que é a principal eleição do quadriênio. A ausência de partidos políticos com propostas e, principalmente, de candidatos que possam representar alguma luz deixa o eleitorado brasileiro em uma pasmaceira que só beneficia quem já detém o poder.
No fundo do poço tem mais poço, uma vez que o desejo de alguns grupos de manter o poder e o desejo de retornar ao poder por outros tem mascarado a realidade. As decisões necessárias para restabelecer o crescimento do país e equilibrar as contas têm sido tratadas como produtos de marketing para desmoralizar o Temer. Isso não é nada didático.
O que é mais importante para o cidadão: o Temer patrulhado por aqueles que o consideram traidor ou o país voltar a crescer? Dilma não teria chegado a reeleição sem o apoio do PMDB detentor do maior número de prefeituras do país, mas também é verdade que o atual presidente articulou para a queda dela. Só que esta questão não pode ser maior que as necessidades de reforma proteladas por conveniência até então por todos os ex-presidentes.
Por que então ninguém defende o Temer? Primeiro porque os partidos políticos são, na sua essência, descompromissados com seus filiados. Segundo porque a gravação do Joeslei Batista fragilizou aquilo que já não era forte e por último que quem está no poder quer mais poder, mesmo que isso signifique a desgraça do país. Individualismo com uma boa dosagem de mal caratismo. “Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave”, Carlos Drummond de Andrade.
Do lado de cá o povo que trabalha e não está nem com tempo e nem tem interesse em ser candidato fica cada dia mais desiludido. Esse povo irá engrossar as fileiras das abstenções, voto nulo, voto branco, fator extremamente favorável aos que querem usar o poder para benefícios individuais e serem beneficiados financeiramente com o poder público. Se os bons eleitores não votam, os maus não pensam duas vezes e serão estes a conduzir ao poder os próximos eleitos.
A Lava Jato e as tantas denúncias por si só não farão as mudanças que o país precisa. O fato de sabermos que há corrupção e quem faz parte dela não vai barrar que nos próximos anos esses mesmos retornem ao poder e nem que os novos continuem os mesmos modus operandi do mal uso do dinheiro público. É necessário que precisamos ser mais participativos e estarmos mais vigilantes para ajudar quem está lutando para melhorar a politica brasileira. “Onde se acham em ação forças morais, é nosso dever fortalecê-las”, Stefan Zweig.
O custo desta pasmaceira poderá ser letal, já que da próxima legislatura dependeremos para efetivar as reformas e projetar o país e os estados para os próximos quatros anos. Um erro em 2018 dura até dezembro de 2022. “O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”, Luther King. E “A cédula eleitoral é mais forte que a bala”, Abraham Lincoln.
João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.
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