Os EUA, na Guerra Fria ou momento da luta entre socialismo e capitalismo, pintaram os russos como os capetas da humanidade. Ainda hoje perdura a imagem criada pelo Ocidente sobre aquele povo. A realidade é outra.
Por exemplo, eles nunca invadiram a Europa Ocidental, mas foram duas vezes invadidos, por Napoleão Bonaparte e Hitler. Na Segunda Guerra mundial perderam 27 milhões de pessoas, um quarto de sua população, ou mais da metade dos 50 milhões mortos naquele conflito. E, na opinião geral, os errados são eles e os ganhadores daquela guerra foram os norte-americanos.
Algumas impressões sobre aquele país. O socialismo não volta mais, os jovens não querem. A saúde e a educação pública deterioraram desde a queda do regime em 1991. Hoje se tem muitas escolas e hospitais particulares. O governo incentiva a natalidade com gordo subsídio para as famílias terem mais filhos. Querem russos, não imigrantes. Os russos fumam exageradamente. O salário mínimo fica em 150 dólares ou uns 500 reais. É baixo, eles reclamam. A taxação do imposto de renda é 13%, muita gente da Europa está indo para lá por causa disso.
A Rússia não é tão rica como alguns países do Ocidente, mas não se vê ali esgoto a céu aberto, moradias precárias ou miséria extrema. As estradas são muito boas, quase não e se vê carretas nelas. Cargas maiores vão por trem, não por rodovias. Não se paga pedágios nas boas estradas de lá. Pedágio somente em rodovia, em concessão, construída pela iniciativa privada com dinheiro próprio. O transporte público urbano, com os famosos metrôs, são talvez os melhores do mundo.
Corrupção existe e muito, dizem. Mas segurança é um item que o país tem orgulho. Ouvi gente dizer que Moscou é tão segura quando Lisboa, talvez a capital na Europa mais segura. Nem ligam para os embargos do Ocidente. Isso os ajuda na criatividade para resolverem seus problemas. Vladimir Putim sabe explorar isso, ganha a próxima eleição com tranquilidade.
A união da Rússia com a China, não muito comentada aqui, é algo que impressiona. Duas superpotências nucleares juntas, diga-se. Na Copa de Futebol a Rússia vai se mostrar para o mundo. Estão fazendo uma revolução urbana com aquele fim. Você que vai para a Copa saiba que comida e bebida não são caras. Um dólar vale 60 rublos.
Conto um caso da época do socialismo que até gentes de lá acham hoje que naquele caminho a coisa poderia se complicar, como se complicou. Depois de dez anos trabalhando alguém poderia requerer um apartamento ou casa ao governo. Vê-se em todo lugar blocos gigantes desses apartamentos. Quanto custava? Zero centavo.
Recebia ainda: luz, água, telefone e gás para calefação pagando o equivalente hoje a três dólares ou dez reais. Com ainda transporte público e comida subsidiados se estava perto do paraíso. Sem competição e com todos ganhando quase a mesma coisa, o sonhado paraíso na terra não funcionou. Caminharam para o capitalismo.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br
Site: www.alfredomenezes.com
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