Pedro Taques esteve em Santa Cruz de la Sierra na semana passada. Compra de ureia e gás, conexão aérea e turismo e asfalto nos 315 quilômetros da estrada de San Matias a Santa Cruz foram assuntos tratados.
O voo da Azul para Santa Cruz deve ocorrer em setembro deste ano, coincidindo com a Expocruz naquela cidade, exposição que MT deve participar também. Estava na comitiva o presidente da associação de agências de viagens do estado com uma fala agora de se fazer uma ligação entre as agências daqui e as de lá para aumentar o turismo regional. Num passado não distante não houve esse entendimento.
Conto mais uma vez essa história. No governo Dante, empresa boliviana colocou um avião de Cuiabá a Santa Cruz para conexão com voos para Miami. O preço da passagem para os EUA, incluindo o trecho até Santa Cruz, era de 600 dólares ida e volta. O voo por São Paulo para Miami era de 900 dólares com oito horas de viagem. Por Santa Cruz são seis horas. Quem fazia essa viagem ainda tinha de graça almoço, janta e citytour em Santa Cruz. Não foi em frente porque não houve um trabalho entre as agências de turismo daqui e de lá.
Faz sentido alguém daqui que vai a Cuzco ir a São Paulo e dali a Lima? Por Santa Cruz “corta” caminho para qualquer lugar dos Andes e ali agora terá uma empresa aérea local em conexão com a Azul. Turistas dos Andes podem também vir a MT, daqui a Brasília e para o Nordeste sem ir a São Paulo. Cuiabá e Santa Cruz serão os dois centros.
Não esquecer que Santa Cruz tem acima de 1.6 milhões de habitantes e sua área metropolitana passa de dois milhões ou dois terço da população de MT. E dali se vai a qualquer país andino que tem juntos um PIB de quase um trilhão de dólares. Lugar que a exportação de MT, com a ZPE no futuro, tem que levar em grande consideração.
Na viagem também se discutiu que MT poderia comprar a produção de 600 mil toneladas anual de ureia da Bolívia. Para o preço ser viável seria útil a pavimentação dos 315 quilômetros da estrada até Santa Cruz.
Autoridade boliviana disse que o custo do quilômetro estaria entre 800 mil dólares a 1.2 milhões. Que seja um milhão de dólares por quilômetro ou 315 milhões de dólares, algo como um bilhão de reais. A Corporação Andina de Fomento já disse que empresta o dinheiro.
Quem sabe o BNDES poderia ajudar no empréstimo. Isso é troco para um banco que, entre 2007 e 2014, movimentou perto de um trilhão de reais. A JBS recebeu muitos bilhões disso. Por que não uma estrada que faria uma revolução no coração da América do Sul?
Ureia, estrada, gás, ZPE demoram ainda. O que vai começar a mexer no relacionamento MT-Bolívia é o voo para Santa Cruz e as conexões para os Andes e Miami. A volta deste caminho de turismo para os EUA vai pegar.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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