A Câmara de Vereadores de Cuiabá deverá aprovar nesses dias a criação de uma secretária extraordinária para construir o projeto das comemorações dos 300 anos de Cuiabá. À primeira vista, tudo bem. Num segundo olhar cabe discussões. De fato é relevante que os 300 anos da capital sejam comemorados. Tanto em respeito à história antiga, como a recente, a atual e a futura. Quanto a isso penso que as discussões não merecem grandes reparos.
Mas o que está em jogo é o que fará essa secretaria, com seus cargos em comissão e tecnocratas comprando computadores, pick-ups de luxo, alugueis e tecnocratas viciados na tradicional paralisia do serviço público. Quando chegar a hora das comemorações vir a correria de terceirizar tudo de última hora sob justificativas conhecidas da burocracia e da sua ineficiência. Faca de dois gumes. O que pode ser uma solução hoje poderá ser uma dor de cabeça amanhã.
Do ponto de vista da História e do marketing as comemorações são muito oportunas, Cuiabá não é mais a capital de um estado pobre, como foi na comemoração dos 250 anos em 1969. Tinha menos de 100 mil habitantes. Hoje tem 600 mil. O estado tinha na época pouco mais de 1 milhão de habitantes nas regiões Norte e Sul, depois separadas em 1979. Atualmente os 141 municípios não tem perfeita harmonia com Cuiabá. Muitas origens das pessoas e as distâncias enormes.
Será uma oportunidade de nivelar um pouco essas desigualdades regionais e étnicas. Além de reconhecer a grande importância de Cuiabá como a capital do estado e como a mais importante cidade do estado, além de maior núcleo urbano. O Brasil pouco conhece Cuiabá. No Sul e Sudeste ainda vigoram velhas idéias do passado. A Vila do Arraial do senhor Bom Jesus de Cuiabá ficou lá na História.
Planejar essas comemorações será tarefa pra gente grande e competente! Que se registre isso. Não caia o prefeito da cidade na tentação de nomear “amigos e indicados” pras funções-chaves da secretaria extraordinária dos 300 anos de Cuiabá. O risco de ser um sucesso é enorme. Mas o risco de um grande fiasco também é muito grande!
Onofre Ribeiro é jornalista em Matof Grosso
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