No artigo de ontem “O governo acabou?!”, concluí com a tese de que Mato grosso vem se especializando em queimar os seus líderes. Ninguém dura muito. É um comportamento estranho, porque a construção de um líder demora muito na política. Depois que ele fica pronto se descarta. Aí começa tudo de novo e repete a mesma atitude.
Vamos a um breve resgate. Pode ser falte alguém nas citações, mas se acontecer, não se diferenciará muito da regra geral. Em Mato Grosso líderes duram pouco. Em 1979 nasceu o estado pós-divisão. Grandes líderes da política ficaram em Mato Grosso do Sul. Restaram aqui o ex-governador Garcia Neto, um grande líderes que foi afastado da política nas duas eleições seguintes. Em 1978 quando se elegeu a primeira leva para o novo estado, surgiram Júlio Campos, Benedito Canelas, Márcio Lacerda, Dante de Oliveira, Ricardo Correa, Benedito Alves Ferraz, Carlos Bezerra, Vicente Vuolo, Rodrigues Palma, Ubiratan Spinelli, Louremberg Nunes Rocha, Milton Figueiredo, Osvaldo Sobrinho, Roberto França e uma série de outros bons nomes que começavam na política no novo estado, ou seguiam carreiras já iniciadas antes. Embora muito bem votado, Canelas só durou um mandato como senador.
Na eleição de 1982, Júlio Campos elege-se governador e surge no cenário a grande novidade: o ex-embaixador do Brasil na Inglaterra, Roberto Campos que se elegeu senador e durou só um mandato. Disputou com ele na mesma legenda o brilhante ex-reitor da UFMT, Gabriel Novis Neves. Gilson de Barros, Jonas Pinheiro, Maçao Tadano.
Na eleição de 1986, não houve uma grande renovação de líderes. Aparece Bento Porto, por exemplo, um técnico de grande experiência em planejamento. Antero Paes de Barros, Joaquim Sucena, Percival Muniz, Serys Slhessarenko, Moisés Feltrin. Já em 1990 Jaime Campos, aparecem Luiz Soares, Kazu Sano, Ricarte de Freitas, Welinton Fagundes. Em 1994 surgem José Geraldo Riva, Antonio Joaquim, Silval Barbosa, Gilney Viana, Wilson Santos. Em 1998, Carlos Abicalil, Pedro Henry, Murilo Domingos, Celcita Pinheiro, Tetê Bezerra, Telma de Oliveira. Em 2002, a grande revelação foi Blairo Maggi, eleito governador, vindo da carreira empresarial no agronegócio e sem militâncias anteriores. Em 2010, Pedro Taques.
Sei que nem todos estão na lista. Mas a questão é: tirando Júlio Campos, Márcio Lacerda e José Riva e poucos mais, que abandonaram a política por vontade própria, os demais estão na sua maioria no ostracismo e foram trocados eleição após eleição. É bem claro que as carreiras políticas não duram muito em Mato Grosso. E as trocas nem sempre obedecem a uma lógica. É o eterno vai e vem, eleição após eleição.
O ruim, é que não se forma tradição na construção de projetos políticos num estado que tem muito mais problemas do que soluções nesses tempos novos. Renovar seguidamente sem consolidar não gera História consistente.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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