Até 23 de julho, o Met Breuer, filial do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, EUA, recebe a exposição 'Uma multidão de formas', que apresenta ao público local a obra da artista carioca Lygia Pape (1927-2004). No sábado, dia 1/4 - e não é mentira! - ocorre a performance 'Divisor'.
Trata-se de recriar num percurso de oito quadras, do Metropolitan até o Met Breuer, a caminhada de dezenas de pessoas cobertas com um enorme tecido branco, apenas com as cabeças aparecendo. A ação, realizada pela primeira vez em 1968, com crianças da Favela da Cabeça, no Rio de Janeiro, foi filmada pela própria artista.
Houve outras recriações do ato original, como as realizadas no Rio de Janeiro e na Espanha e, em cada nova realização, ressurgem questões essenciais da arte da vida. A principal está ligada ao movimento do grupo, pois as individualidades são preservadas pelas cabeças à mostra, mas o conjunto apenas realiza a sua caminhada se houver uma articulação coletiva.
'Divisor' traz um ensinamento sobre as fronteiras entre público e privado na sociedade atual. Se, por um lado, o tecido permeável das mídias sociais lida com grupos cada vez mais diversificados em interesses; por outro, a esfera individual tem grande potencialidade de independência. Nesse contento, para onde levamos o grande lençol branco da existência?
Oscar D'Ambrosio
Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
Ainda não há comentários.