Marcelo Mendes
O Brasil vive uma das maiores transformações energéticas de sua história. Com uma matriz predominantemente limpa, o País assiste à rápida expansão da geração solar, à consolidação da energia eólica e à chegada definitiva de tecnologias como armazenamento, mobilidade elétrica e automação residencial. E, nesse novo cenário, há um profissional cuja relevância se torna cada vez mais estratégica: o eletricista.
Celebrado em 17 de outubro, o Dia do Eletricista homenageia um protagonista do setor elétrico que há muito deixou de ser apenas o executor de instalações básicas. O eletricista moderno é um especialista técnico, atuando na fronteira entre energia, tecnologia e segurança. Com o avanço da geração distribuída, sua função se tornou determinante para o sucesso de soluções energéticas em residências, comércios e indústrias.
Hoje, esse profissional projeta, dimensiona, instala e mantém sistemas que não apenas consomem energia, mas também a produzem e a gerenciam. Em campo, lida com sistemas fotovoltaicos, inversores, quadros inteligentes, conectores de alta performance e protocolos de comunicação com concessionárias, um conjunto de tecnologias que exige precisão e atualização constante.
A tendência é clara, isto é, o consumo e a geração distribuída seguirão crescendo, impulsionados pela expansão dos sistemas solares em telhados e pequenos negócios. E quem garante a eficiência, a segurança e o desempenho desses sistemas é justamente o eletricista — o profissional que, sob o sol, assegura cada conexão, calibra cada cabo e faz com que o sistema opere em sintonia com a rede pública.
Seu trabalho impacta diretamente a durabilidade das instalações, a performance energética, a segurança dos usuários e o retorno financeiro do investimento. A escolha dos conectores adequados, o correto aterramento, a proteção contra surtos e o dimensionamento de cabos e disjuntores são decisões que exigem formação técnica sólida, atualização normativa e responsabilidade profissional.
E não se trata apenas de instalação. A manutenção e o diagnóstico de performance tornaram-se parte essencial da rotina. Diante de sistemas cada vez mais sofisticados, o eletricista precisa ser capaz de interpretar sinais de falha, analisar dados de eficiência, propor ajustes e sugerir upgrades tecnológicos. Para isso, deve dominar normas técnicas como a NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão), a NBR 16690 (sistemas fotovoltaicos) e as diretrizes de segurança da NR-10 e NR-35, entre outras.
A formação continuada desse profissional tão imprescindível deixou de ser um diferencial e tornou-se pré-requisito básico. A velocidade da transformação energética exige profissionais em permanente capacitação, prontos para atuar num ambiente em que eletricidade, digitalização e sustentabilidade se cruzam.
O eletricista é, atualmente, um agente ativo da transição energética. É ele quem conecta usinas solares à rede, dá vida aos sistemas híbridos, protege famílias e empresas de sobrecargas e impulsiona a autonomia energética de pequenos negócios. Seu trabalho é a ponte entre o conceito de energia limpa e sua concretização prática.
Ao caminhar por uma cidade iluminada, trabalhar num ambiente climatizado ou simplesmente carregar o celular, poucos se lembram do intrincado sistema elétrico que sustenta cada gesto cotidiano e da atuação silenciosa do eletricista por trás disso tudo.
Em um mundo em que a energia é a espinha dorsal da civilização moderna, o eletricista é muito mais do que um executor: é o guardião da infraestrutura que move o país. Neste Dia do Eletricista, mais do que homenagear, é fundamental reconhecer o valor, a competência e a responsabilidade desses profissionais diante de um setor em plena transformação.
Segundo o Balanço Energético Nacional 2025, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME), as fontes renováveis representam 88% da oferta interna de eletricidade no País, percentual expressivo e em ascensão. Em 2024, o consumo final atingiu 650,4 TWh, crescimento de 5,5% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pelos setores industrial (35,9%) e residencial (28,2%). Juntos, esses segmentos responderam por 81,3% da energia elétrica consumida no Brasil.
O futuro da energia passa, literalmente, passa pelas mãos de quem conecta com inteligência, constrói com responsabilidade e transforma o invisível em essencial.
*Marcelo Mendes é gerente geral da KRJ Conexões. É economista e executivo de marketing e vendas do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos, e com atuação em vários mercados internacionais.
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