Paulo Lemos
A pressa virou o novo deus. E o pior: um deus tirano, que exige sacrifícios diários — sono, saúde, família, paz de espírito. Acordamos correndo, comemos correndo, amamos correndo. E, quando percebemos, já é noite, mas não é vida: é sobrevivência cronometrada.
O mundo nos ensinou que parar é fraqueza. Que “tempo livre” é desperdício. Que só merece respeito quem está sempre ocupado. Essa religião moderna do corre se alimenta de gente exausta e orgulhosa de estar exausta. E nós, fiéis obedientes, seguimos repetindo: “não dá tempo, não posso agora, depois a gente se vê”.
Mas o que acontece quando o “depois” não chega? Quando a pessoa que você queria abraçar não está mais aqui? Quando aquela conversa sincera fica para sempre engasgada? É então que percebemos que a pressa não só rouba o nosso tempo — ela rouba nossas histórias.
Brincar na chuva, sentir o vento, ouvir um “não” de quem se importa — tudo isso não é luxo, é sobrevivência emocional. É a resistência contra a engrenagem que nos transforma em robôs. A vida não é só agenda e boleto. Ela é feita do que não se pode agendar.
É hora de desacelerar como ato político. Parar é insurgência. Dizer “não” à pressa é dizer “sim” à vida. É assumir que a verdadeira produtividade é cultivar relações, presença e sentido.
Não espere uma crise para se dar conta de que só tem uma vida. A segunda vida — aquela que realmente vale a pena — começa quando você entende que nenhum lucro, nenhum status, nenhum “corre” vale mais do que um momento inteiro vivido.
Se a pressa é uma prisão invisível, desacelerar é quebrar o cadeado. E a chave, meu amigo, já está no seu bolso.
Paulo Lemos é advogado, psicanalista, filósofo, palestrante e escritor.
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