Alfredo da Mota Menezes
Números mostram que a China vai dominar o comércio do Brasil e da América do Sul. A coluna volta com outros dados sobre essa realidade. É uma alteração enorme o que vai ocorrer na região. Nunca se imaginou que um país da Ásia teria tamanha influencia na vida econômica desta parte do mundo. Os EUA não iriam permitir que uma mudança dessas ocorresse. O momento é outro.
É uma questão de números o que vem por aí. Começando pela realidade norte americana, ali não é lugar para venda de bens de um estado como Mato Grosso.
OS EUA, em 2023, produziram 321 milhões de toneladas de milho. Se somar a produção total de soja e milho do Brasil no mesmo ano não dá a produção de milho nos EUA. Uma produção desse tamanho é até difícil competir quanto mais imaginar que poderia vender algo para um lugar daquele.
A produção de soja nos EUA está em torno de 120 milhões de toneladas por ano. É o segundo maior produtor dessa leguminosa no mundo. O Brasil passou a produção dali nos últimos anos. Com uma produção daquele tamanho não se imagina que eles iriam importar nada disso agora ou no futuro. Alias, eles são concorrentes no comercio internacional com a soja brasileira.
Em algodão os EUA é o terceiro maior produtor do mundo. Alguém imagina que eles vão comprar algodão de Campo Verde em Mato Grosso? Em carne bovina aquele país tem uma produção anual em torno de 12 milhões de toneladas por ano, praticamente supre suas necessidades.
A exportação do Brasil para a China, por outro lado, em 2024, passou de 96 bilhões de dólares e importou 65 bilhões de dólares. O Brasil teve um superávit comercial de mais de 30 bilhões de dólares. Isso é 44% do superávit comercial do Brasil com o exterior. No comércio com os EUA, o Brasil exportou mais de 40 bilhões de dólares em 2024 e a importação ficou quase no mesmo patamar. Na importação e exportação não tem nada de soja, milho ou coisa assim.
Chega de números, volta-se ao óbvio: o maior parceiro comercial hoje do Brasil e MT é a China em ambas as direções. Não a terra do Tio Sam. Eles não vão comprar carne bovina, soja, milho e algodão daqui.
Todos estão observando como vai atuar Trump com os chineses. Alguns acreditam que o governo Trump vai para confronto com os chineses pelo mundo, incluindo a América do Sul.. Que pode colocar taxação extra em bens da China nos EUA e provocar uma guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo atual. Outros acham que Trump é pragmático e iria buscar uma alternativa de correlação de força entre as duas maiores potências do mundo. Um meio termo entre os dois interesses comerciais
Seja por aqui ou por ali, para o Brasil e MT no comercio internacional hoje a China é mais importante que os EUA. Questão de pragmatismo, nada ideológico. O agro de MT não tem alternativa melhor, mesmo tendo admiração pelo modelo econômico e político dos EUA e pela maneira de atuar de Donald Trump.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
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