André Barros
A alguns meses para a realização da COP 30 (Cúpula Climática da Organização das Nações Unidas), marcada para novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará, a preocupação do mercado com as boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) devem se intensificar ainda mais ao longo deste ano.
Levantamento da Bloomberg Intelligence aponta que os investimentos classificados como ESG podem movimentar cerca de US$ 53 trilhões em 2025.
Entretanto, para que as empresas, realmente, possam colocar seus planos em práticas - evitando falsas promessas, conhecidas como greenwashing -, regulamentar o setor se faz cada vez mais imperativo não só no Brasil, como em âmbito global.
No caso da União Europeia (UE), por exemplo, tais iniciativas estão influenciando, inclusive, o comércio internacional. Isso porque a UE tem implementado regulamentações rigorosas sobre a pegada de carbono dos produtos importados, exigindo que as indústrias comprovem essas informações em seus processos de importação.
Esse movimento reflete a crescente complexidade das práticas de sustentabilidade, especialmente quando se observa que, embora muitas empresas publiquem relatórios de sustentabilidade, poucas os integram, de fato, em suas operações diárias.
Outro ponto de destaque para o ESG no comércio exterior é a análise das emissões de carbono (CO2), que inclui tanto emissões diretas das empresas quanto emissões associadas a terceiros contratados, o que demonstra a complexidade das cadeias de suprimentos globais.
Segundo o Quarto Estudo da Organização Marítima Internacional (IMO), somente o setor de transporte marítimo, por exemplo, é responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2.
Diante desse cenário, a própria Organização Marítima Internacional estabeleceu uma série de metas para a indústria, como a de zerar as emissões de gases do efeito estufa pelo transporte marítimo mundial até 2050.
Porém, apesar dos avanços, ainda não existe uma solução universalmente disponível para o rastreamento internacional de emissões de carbono de forma completa. Nesse contexto, a tecnologia tem um papel essencial na promoção de práticas sustentáveis no comércio exterior, sobretudo por meio de softwares de gestão e inteligência de logística internacional, que otimizam processos, facilitam a rastreabilidade, diminuem o desperdício e aumentam a transparência.
Lembrando que, seja qual for o mercado de atuação ou o porte das empresas, as práticas ESG também geram impacto na competitividade. De acordo com a pesquisa Data-Leaders – Líderes de negócios e ESG, a reputação corporativa é a maior motivação dos líderes para a adoção de práticas que envolvam aspectos ambiental, social e de governança.
Neste início de um novo ano, fato é que as resoluções previstas para o futuro da própria humanidade passam, inevitavelmente, por práticas ESG efetivas.
Para isso, investir em inovação tecnológica e em colaboração com parceiros, governos, clientes e fornecedores, sem dúvida, é o caminho para alinhar crescimento econômico à preservação do planeta, criando valor compartilhado e sustentável para todos.
André Barros é CEO da eComex, empresa especializada em soluções de alta tecnologia para gestão, otimização e automatização de operações de comércio exterior e logística internacional.
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