Gonçalo Antunes de Barros Neto
Alguns nomes são gigantes da cultura mato-grossense, dentre eles, indiscutivelmente, está o de José Barnabé de Mesquita.
José Barnabé de Mesquita (1892–1961) foi um destacado jurista, jornalista, historiador, poeta e escritor brasileiro, considerado uma das figuras centrais da cultura mato-grossense. Nascido em Cuiabá, José de Mesquita formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 1913, e retornou ao solo cuiabano, trazendo consigo um vasto repertório de conhecimentos e ideais. Exerceu, ao longo de sua carreira, funções de extrema relevância, como advogado, juiz, desembargador e, finalmente, presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Destacou-se como um dos mais relevantes intelectuais do estado e do Brasil em sua época. Sua trajetória ilustra um compromisso singular com a preservação da memória histórica, a construção de identidades regionais e a expressão literária em diferentes gêneros.
Como citado, Mesquita foi presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso por 11 anos consecutivos (1929–1940). Além disso, foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, criado em 1919, e da Academia Mato-Grossense de Letras, fundada em 1921, onde permaneceu como presidente até seu falecimento. Também foi membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Federação das Academias de Letras do Brasil.
Seu legado continua a ser estudado e celebrado em Mato Grosso e no Brasil, representando uma síntese do intelectual engajado, do jurista humanista e do escritor sensível às questões sociais e regionais. As instituições que ele ajudou a construir permanecem ativas, sendo guardiãs da memória e do pensamento crítico no estado.
No campo literário, Mesquita destacou-se como um dos principais expoentes do parnasianismo no Brasil, mas sua produção abrangeu também elementos românticos e históricos. Entre suas obras mais notáveis está Espelho de Almas (1932), uma coletânea de contos que recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras. Seus poemas, publicados em obras como Poesias (1919), revelam uma sensibilidade poética apurada, refletindo a busca pela beleza formal característica do parnasianismo. Mesquita também escreveu sobre genealogia e história regional, contribuindo para a preservação da memória de Mato Grosso.
Assim a Drª Yasmin Nadaf, da Academia Mato-Grossense de Letras, em artigo que se encontra publicado na Revista 71 do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT, sob o título “Crucina, de José de Mesquita”, reverencia:
“Esse autor foi um dos responsáveis pelo maior volume da produção literária no Estado na 1ª metade do século XX e começo da 2ª metade do mesmo século, diversificando sua escrita entre crônicas históricas e folhetinescas, contos, poemas e romances, além de ensaios sobre temas diversos. Do ponto de vista estético, sua escrita ficcional distribuiu-se entre duas vertentes principais: uma, presa à forma e temas do Romantismo; outra, inovadora, no estilo do Realismo regionalista do final do século XIX, posto em voga pelos expoentes Valdomiro Silveira e Afonso Arinos. Nesta segunda forma discursiva, a expressão dos valores conservadores mesclou-se aos relatos do presente e do passado transpostos oralmente de geração a geração, enfatizando-se o tradicionalismo dos costumes, lendas, crendices e tipos populares. Acompanham a divulgação desses temas o registro da paisagem, hábitos, festejos e linguajar local.” José de Mesquita faleceu em Cuiabá em 1961, deixando uma herança cultural que continua a inspirar pesquisadores, juristas e escritores. Sua vida e obra são um testemunho do entrelaçamento da cultura e do Direito, mostrando como a erudição pode servir como ponte entre diferentes áreas do saber.
É por aí...
Gonçalo Antunes de Barros Neto é da Academia Mato-Grossense de Letras (Cadeira 7). Eleito para o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) e Academia Mato-Grossense de Direito (Cadeira 30).
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