• Cuiabá, 11 de Dezembro - 00:00:00

Trump e a China: uma nova era de tensão global


Márcio Coimbra

As escolhas de gabinete do presidente eleito Donald Trump sugerem uma estratégia agressiva para lidar com as ambições globais da China, utilizando medidas diplomáticas, econômicas e de segurança. Dentro da administração, as visões sobre a China ainda precisarão se alinhar, já que alguns membros adotam uma postura linha-dura em relação a Pequim, enquanto outros demonstram um tom mais moderado. A seguir, são destacados os pontos essenciais das posições dos principais integrantes da equipe de Trump em relação ao país asiático.

Marco Rubio (Secretário de Estado):
Com quase 14 anos de experiência no Senado, Rubio tem a China como foco legislativo. Entre os indicados de Trump, ninguém dedicou tanto tempo à análise da competição multifacetada entre os EUA e a China. Rubio apresentou projetos de lei que abordam temas como violações de direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, a atuação de empresas chinesas registradas nos EUA e a corrupção entre líderes chineses.

Mike Waltz (Conselheiro de Segurança Nacional):
Waltz já descreveu a China como uma ameaça "existencial", indicando um enfoque firme no combate às estratégias militares e econômicas de Pequim. Reconhecido por sua lealdade a Trump, Waltz é visto como um defensor agressivo de medidas contra a China.

Elise Stefanik (Embaixadora dos EUA na ONU):
Stefanik tem criticado abertamente as ações da China em fóruns internacionais e defendido uma presença mais assertiva dos EUA para contrabalançar a influência chinesa. Ela elogiou a decisão de Trump de retirar os EUA da Organização Mundial da Saúde, acusando o órgão de promover "desinformação chinesa sobre a pandemia global de COVID-19", que resultou em graves perdas econômicas e humanas, incluindo mais de 400 mil vidas americanas.

Pete Hegseth (Secretário de Defesa):
Hegseth defende uma revisão profunda das forças armadas americanas para conter a crescente influência da China.

Howard Lutnick (Secretário de Comércio):
Lutnick é a favor de tarifas mais específicas, em contraste com as tarifas amplas propostas por Trump e seus conselheiros linha-dura durante a campanha. Ele declarou que Trump "quer fazer acordos com a China". Em entrevista à CNBC, em setembro, Lutnick afirmou que as tarifas devem ser usadas como ferramentas de negociação, aplicando-as somente a produtos estrangeiros que competem diretamente com os fabricados nos EUA.

Scott Bessent (Secretário do Tesouro):
Bessent pode proporcionar algum alívio para a China no que diz respeito a tarifas potenciais. Ele defende uma implementação gradual das tarifas, em fases, o que pode dar a Pequim um respiro. Ainda assim, já expressou insatisfação com a desvalorização do yuan, que, segundo ele, é manipulada para favorecer as exportações chinesas.

O governo Trump buscará um equilíbrio nas políticas voltadas à China, oscilando entre a abordagem linha-dura de neoconservadores como Marco Rubio e Mike Waltz e a moderação representada por Bessent. Esse equilíbrio precisará ser cuidadosamente avaliado pelos chineses, sob o risco de enfrentarem dificuldades dentro da estratégia de Trump.

O fato é que a China não terá vida fácil durante a administração Trump. Os próximos quatro anos prometem marcar uma mudança na política externa de Washington, combinando pragmatismo e risco — características de um presidente acostumado a desafiar seus adversários com estratégias ousadas e imprevisíveis.



Márcio Coimbra é CEO da Casa Política e Presidente-Executivo do Instituto Monitor da Democracia. Conselheiro da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.




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