Fernanda Rodrigues
A Inteligência Artificial (IA) está revolucionando a forma como as empresas gerenciam seus talentos. No setor de Recursos Humanos (RH), essa tecnologia já oferece uma série de benefícios que podem otimizar processos, melhorar a tomada de decisões e fortalecer o relacionamento com os colaboradores. Do topo da cadeia aos setores menos sêniores, uma questão é concreta: todos precisam estar inseridos no universo da IA.
Desde os especialistas técnicos até a liderança em geral, é necessário que todos estejam muito ligados ao tema. É de conhecimento público que muitos empregos podem desaparecer com os avanços trazidos pela IA, restando apenas aqueles que envolvem relações humanas. E é aí que entra a liderança, que deve estar totalmente conectada a essa tecnologia revolucionária, inclusive ofertando oportunidades de requalificação profissional. Os ganhos são diversos, tanto para quem está dentro como fora da organização.
Já temos na fase de recrutamento e seleção algumas distinções propiciadas pelos novos tempos. A IA consegue analisar currículos em grande escala, identificando os candidatos mais qualificados com base em critérios pré-definidos, reduzindo o tempo gasto nessa etapa. Ela também pode realizar entrevistas preliminares, utilizando análise de linguagem natural para avaliar as respostas dos candidatos e filtrar os mais adequados, prevendo ainda quais deles têm maior chance de sucesso em um cargo com base em dados históricos e padrões de desempenho.
Não é apenas o aspecto da atração de talentos que a IA impacta positivamente para o RH. Quando falamos em retenção de colaboradores, essa tecnologia pode trabalhar com uma grande base de dados (e-mails ou chats) para nos ajudar a compreender melhor o comportamento dos profissionais, permitindo agir de forma preditiva a respeito de possíveis insatisfações, o que dá informações que levem a medidas para melhorar a satisfação, engajamento e continuidade dos colaboradores.
Além disso, a IA pode criar planos de desenvolvimento personalizados para cada colaborador, identificando áreas de melhoria e sugerindo cursos ou treinamentos específicos, inclusive por intermédio de chatbots e assistentes virtuais que, em regime contínuo de 24 horas, sete dias por semana, possam fornecer suporte às perguntas que possam surgir internamente, oferecendo ainda recursos adicionais pré-programados.
Os gestores de RH também colhem novas metodologias de análise de dados de desempenho. Com a IA, ficou mais simples identificar padrões de desempenho e prever quais colaboradores estão mais propensos a se destacar ou necessitar de suporte adicional. Esses mesmos sistemas tecnológicos que trabalham com Grandes Modelos de Linguagem (LLMs, na sigla em inglês) conseguem ainda oferecer um feedback contínuo e em tempo real, o que dá agilidade e maior eficiência às medidas que ajudem o desempenho individual e de equipes.
Como se vê, a IA tem grande potencial de participação como "braço direito" de executivos e especialistas, porém não há benefício sem a participação do fator humano nesta equação ecossistêmica. Os colaboradores estão cada vez mais distantes de tarefas administrativas, como processamento de folha de pagamento (cálculo de salários, benefícios e impostos) e gestão de benefícios (chatbots podem gerar respostas aos colaboradores).
Como toda novidade, existem desafios e considerações a serem feitas. Para o RH e demais setores das empresas, a privacidade e segurança dos dados são sempre questões a serem levadas muito a sério. O mesmo vale para eventuais vieses do algoritmo da IA, que pode gerar decisões incorretas e até discriminatórias, caso não seja devidamente supervisionado. Se bem gerida, por outro lado, a IA pode auxiliar em processos que fomentem maior diversidade e inclusão dentro das companhias.
A IA representa uma grande oportunidade para os profissionais de RH de otimizar processos, melhorar a tomada de decisões e fortalecer o relacionamento com os colaboradores. Ao aproveitar o potencial da IA, as empresas podem construir um ambiente de trabalho mais eficiente, inovador e atrativo por estar centrado naquelas que ainda fazem a diferença no final: as pessoas.
Fernanda Rodrigues é CHRO da GFT Technologies na América Latina.
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