• Cuiabá, 12 de Maio - 00:00:00

Inteligência financeira: manejo do fluxo de caixa em prol de empresas saudáveis


Marcia Rossi

Os pequenos negócios são considerados um pilar essencial na economia brasileira, formando um ecossistema empresarial vasto que afeta de maneira significativa a vida de quase metade da população do país. Este impacto se estende diretamente e indiretamente a aproximadamente 47% dos brasileiros, entre proprietários de empresas e colaboradores, segundo informações recentes da Receita Federal e do Sebrae.

Neste sentido, lidamos com 39 milhões de pequenos empresários no país, incluindo microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), além de companhias familiares.

Mesmo com toda essa representatividade dentro do cenário econômico do Brasil, um em cada três MEIs não chega a ultrapassar a marca dos cinco anos de atividade. E o que tem levado essas empresas a fecharem suas portas? Empreendedores admitem a falta de conhecimento, combinada com uma motivação mais impulsionada pela necessidade do que pela visão de uma oportunidade futura. Um contexto propício ao insucesso.

Olhando para esse foco sobre a mortalidade dos negócios, é possível observar, ainda, que o custo que mais pressiona as finanças das empresas está atrelado à prevalência de tributos. Esta condição parece interessante, visto que os pagamentos obrigatórios como Imposto sobre Serviços (ISS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) deveriam escalar proporcionalmente com o aumento das vendas ou da prestação de serviços – e repassados ao preço final. Consequentemente, o volume de vendas por si só não alivia a carga tributária devida e os tributos figuram como uma constante dor de cabeça para os empresários. 

O segundo maior custo está relacionado à compra de matéria-prima e mercadoria – outro consumo variável que irá depender da demanda da companhia – o que difere de gastos com funcionários e aluguel, que, normalmente, são contas mensais constantes e que devem ser desembolsadas pela empresa, independentemente do volume ou desempenho de vendas do negócio.

As PMEs precisam levar em consideração o manejo do fluxo de caixa, tendo como desafio o alinhamento entre as saídas e entradas de dinheiro na companhia. Dependendo do intervalo de tempo entre a obrigação de pagar tributos e fornecedores (e a efetivação dos recebíveis dos clientes), cria-se uma lacuna que pode comprometer o capital de giro – ou seja, o dinheiro da empresa, que deve ser considerado como um investimento nos negócios a médio e longo prazo. 

É imprescindível ter uma estratégia financeira que leve em consideração tanto as previsões de vendas quanto a cronologia de quaisquer pagamentos e recebimentos. No entanto, um fator extra se apresenta nesta equação: a atuação desses pequenos negócios em um mercado de concorrência, que amplifica suas fragilidades. A facilidade de entrada de novos concorrentes e a alta competitividade, com pouca ou nenhuma diferenciação entre produtos e serviços, desafiam o cenário empresarial. 

Em vez de navegar por um "oceano azul" com borda infinita de oportunidades, essas organizações encontram-se em um "oceano vermelho", lutando por espaço em um ambiente saturado de concorrentes, onde frequentemente os preços são ditados pelo mercado – o que faz com que o empreendedor sofra para conquistar sua margem de lucro. Um contexto que exige não apenas uma gestão estratégica afiada, mas uma capacidade inovadora para se destacar e sobreviver.

Assim, a eficiência no planejamento empresarial e de riscos devem ser iniciados bem antes do começo das operações, requerendo entendimento do mercado e estratégia de entrada e crescimento. Um plano de negócios bem elaborado, abarcando desde o planejamento até uma educação contínua e gestão proativa de crises, pode determinar a sobrevivência de uma empresa em períodos desafiadores. Além disso, nesta dinâmica competitiva, deve-se focar na eficiência e redução de custos, investir em soluções inovadoras e no desenvolvimento de vantagens competitivas sustentáveis.

 

*Marcia Rossi é Doutora em Administração, especialista em Direito Tributário, professora e palestrante em Controladoria, Estratégia e Tributos.




Deixe um comentário

Campos obrigatórios são marcados com *

Nome:
Email:
Comentário: