• Cuiabá, 25 de Abril - 2025 00:00:00

Principais analistas políticos de Mato Grosso asseveram: Lula pecou


Rafaela Maximiano

Qual foi o saldo político, nacional e internacional para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - após o encontro com 11 líderes de países sul-americanos e seu posicionamento em apoiar Nicolás Maduro da Venezuela? Essas duas questões, que resumem o cenário político da última semana, foram avaliadas pelos principais analistas políticos de Mato Grosso: Alfredo da Mota Menezes, João Edisom e Onofre Ribeiro.  

Ao FocoCidade eles também comentaram sobre as derrotas que o Governo vem sofrendo no Congresso Federal. Os três analistas avaliaram que o presidente Lula errou ao se manifestar a favor de Nicolás Maduro; citaram o contraditório dos presidentes do Uruguai e Chile e alertaram que esse episódio pode trazer consequências negativas não só para Lula como também para o país.  

Já quanto ao Congresso Brasileiro, cada um fez uma análise detalhada que inclui história e política e mostram que a governabilidade do país depende de negociação com os representantes da população brasileira.  

Foram feitas as seguintes perguntas: 

- Qual sua avaliação sobre os resultados do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros 11 líderes de países sul-americanos, inclusive com a proposta da criação de uma moeda única e de não comercializar mais em dólar?  

- Qual sua análise sobre o posicionamento do presidente Lula por ter defendido em sua fala o regime de Nicolás Maduro - pontuando que é uma “narrativa” sendo que se trata de uma ditadura?  

- Como o senhor vê essas derrotas que o Governo vem sofrendo no Congresso Federal, a exemplo da aprovação do Marco Temporal, é temeroso?  

Boa Leitura!  

Alfredo da Mota Menezes  

- A reunião proposta por Lula com os países sul-americanos, só não veio o presidente do Peru porque o país está lá outra vez com problema político grave, todos os outros vieram, ou seja, aceitaram o convite. E não tinha uma pauta específica. Não é nem reviver a Unasul, a União de Nações Sul-Americanas, era mais de esquerda lá atrás, era uma reunião em tese sem ideologia, seja de direita ou de esquerda e o Lula exercendo essa liderança que ele está querendo no plano internacional. Ele foi na China, nos Estados Unidos, em Portugal, etc, falando da guerra da Ucrânia. O Lula está querendo mais uma posição, de reconhecimento de ações internacionais. Esse encontro sul-americano acho que caminha por aí também.  

Essa proposta de moeda única já houve muitas vezes, no Mercosul por exemplo, e não foi em frente nem o Mercosul direito e nem a moeda única. É muito difícil, seria interessante, mas sinceramente é difícil vingar nessa altura do campeonato substituir o dólar. O dólar exerce essa moeda de negociação faz tempo e até está chegando o euro agora. Então, não houve na verdade, nenhum ganho maior para esse encontro em termos de futuro. Mas foi muito bom para todos aquela reunião em Brasília.  

- O Lula com a aproximação exagerada que ele fez com o presidente da Venezuela, o Nicolás Maduro, ele acabou obscurecendo o próprio encontro. O que falamos mais no Brasil e na América do Sul? O “salamaleque” que o Lula fez para o Maduro. Ficou mais na mídia aquilo do que as discussões dos países sul-americanos. E o Lula dizer que aquilo que construiu em torno da Venezuela é uma narrativa (risos), hora... então eles estão no poder desde 1999, vinte e quatro anos no poder, era o Hugo Chávez que só saiu porque teve câncer e morreu, aí assume o Nicolás Maduro com eleições manipuladas. Aqui no Brasil, em Mato Grosso, tem muitos venezuelanos, converso com eles, um me falou que eles usam a maquinha que na interpretação dos venezuelanos é manipulação das eleições, todo mundo sabe. O Lula dizer que a Venezuela, um país que caminha para 7 milhões de pessoas que deixaram o país, um país de 28 milhões de habitantes, ou seja mais de 20% deixaram o país, e ele dizer que lá está bom? Que tudo foi uma narrativa criada pelos Estados Unidos, ou sei lá por quem, para mostrar que lá está ruim, mas na verdade não está.

Errou redondamente o Lula e com isso, o presidente do Uruguai e o presidente do Chile, imediatamente no encontro rebateram a fala do presidente Lula sobre o Nicolás Maduro. Não pegou bem e ainda atrapalhou uma divulgação maior dos resultados do encontro dos países sul-americanos essa aproximação exagerada que o Lula fez com o ditador Nicolás Maduro.  

- No Congresso Nacional falta articulação política em primeiro lugar. Agora, não devemos esquecer também que na eleição que o Bolsonaro perdeu para o Lula, aquele momento, fez a eleição para muitos parlamentares da direita política, olha o número de parlamentares que fez o PL, se não me equívoco foram 99 deputados e a maioria da direita. E, o Lula, não está ainda sabendo trabalhar adequadamente com esse novo Congresso. Lá atrás foi mais fácil trabalhar porque ele tinha uma base boa. Não tenho dúvidas que o Lula, depois dessas derrotas que aconteceram, vai jogar o jogo que o Congresso quer.  Já começou, por exemplo, liberou há alguns dias R$ 2,7 bilhões de emendas parlamentares e está dizendo que vai liberar o que tiver que ser liberado. Também algumas nomeações que eram para ser feitas a pedido de parlamentares, agora estão sendo feitas rapidamente. Ele vai se aproximar do Congresso agora como quando ele foi presidente anteriormente em dois mandatos e sabendo que pode ter um Congresso diferente, mas o nosso Congresso sejamos sinceros nunca fez oposição firme contra presidente nenhum. Desde que o Fernando Henrique inventou a emenda parlamentar acabou na minha opinião o Congresso brasileiro em se opor ao Executivo. Porque o Legislativo em qualquer lugar é o contraponto ao Executivo, no Brasil depois das emendas parlamentares, emenda de relator, emenda individual, emenda secreta, orçamento secreto e tudo mais, hoje o Congresso brasileiro se submente a isso. O Lula fazendo este jogo, e acredito que vai fazer depois dessas derrotas, vai ter uma presença maior no Congresso como outros presidentes tiveram. Até Dilma teve.  

Agora com relação a essa questão do Marco Temporal eu tenho uma ressalva para fazer, eu acho que a mídia de uma maneira geral até não atentou para isso, eles estão permitindo que os índios possam trabalhar as suas terras juntas a terceiros, querendo dizer que eles podem alugar, arrendar, eles mesmos plantarem, etc. Não disseram que podem vender, mas podem arrendar. É esse o detalhe que foi mais importante aprovado nesse Marco Temporal.  

Meu ponto de vista é que a comunidade indígena que for aculturada, se ele tem as terras porque não explorar? Por exemplo os Parecis, acho que eles têm 1,100 milhões de hectares e os índios Parecis trabalhavam como colonos, empregados, em fazendas. Hoje eles estão cultivando uma parte pequena de suas terras, estão produzindo soja, milho e ganhando dinheiro e tendo uma vida sem precisar de Funai ou de ajuda de governo. Agora, se a comunidade indígena não é aculturada, ainda está distante da civilização e não tem os conhecimentos todos “aqui de fora” aí vamos conversar diferente, mas aquela que pode explorar a própria terra para ter uma vida melhor e mais decente, podendo até arrendar para que aprendam para que possam no futuro fazerem eles mesmos, acho correto. 

Eu vivi um bom tempo nos Estados Unidos e lá os índios ficaram com terras imprestáveis, e lá o “jogo” depende do Estado, tem Estado que não tem “jogo”. Nesses estados que não tem conversa, como a terra é do indígena, eles criaram cassinos, hotéis e ganham dinheiro usando a própria terra. Aqui no Brasil as comunidades indígenas podem explorar o turismo indígena, seus costumes, sua maneira de viver, etc, para ganhar dinheiro, na Nova Zelândia, na Austrália e nos Estados Unidos, os índios fazem isso porque no Brasil não pode fazer? Até no Peru os índios estão ganhando dinheiro. 

 

João Edison  

- Esse encontro é muito importante. O maior país da América Latina em população, economia, PIB, em tudo, é o Brasil, mesmo assim a gente uma representatividade muito pequena perante o mundo, então se a América Latina não se une a gente fica muito fragilizado. Para nós não é interessante ter crise na Argentina, o país de onde ela mais compra é o Brasil. Uma crise lá significa que ela vai comprar pouco do Brasil, teremos reflexos aqui. Não é interessante ter crise no Uruguai, Argentina, Paraguai. Quanto mais estabelecermos elos, mesmo sendo frágeis, juntos nos tornamos mais fortes.

É muito importante o encontro, pena que nesse encontro, a forma como o presidente Lula tratou o Maduro, enfraqueceu o encontro. Um resultado que era para ser de 100% vai ser de 30% ou 40%, justamente não pelo convite, mas Maduro deveria ter sido recebido com normalidade, o que ele fez foi enaltecer o Nicolás Maduro. E isso maculou e abriu discussão, inclusive na imprensa, sobre a relação dele com Maduro. Não é sobre os assuntos que estão sendo tratados na cúpula, tanto que não podemos esquecer que o presidente do Chile, que é de esquerda, reprovou de forma veemente assim como o presidente do Uruguai. Categóricos e foram honestos, porque não pode enaltecer e colocar o Maduro como se fosse o presidente mais importante de todas as nações e a verdade não é essa. Na américa do Sul é o que tem de pior. Isso maculou a questão do encontro que era para ser grande e se tornou muito pequeno e tenho certeza que os outros presidentes principalmente das nações democráticas e que têm que arcar com os custos dos venezuelanos fugidos, ficaram muitos frustrados. Na condição de estadista saiu muito manchado.  

A questão da moeda única é interessante e no futuro vai ter. Só que volto a dizer: a aproximação com Maduro vai fazer com que isso se torne mais difícil, os outros países vão ter um certo receio, um pé atrás com essa questão. Ela vai demorar mais do que deveria. O mundo tem a tendência de desconectar um pouco da dolarização do mundo. Porque os Estados Unidos não são mais aquela estabilidade segura que tinha e eram praticamente os patronos dessa moeda. Temos que reconhecer que pós-primeira guerra a moeda durou, e ainda é uma moeda forte. As pessoas querem guardar o dólar, só que muitos países têm sofrido em relação a isso e a tendência é que as coisas vão modificando no mundo e uma das mudanças é os países começarem a fugir dessa questão da dolarização. Já temos a China que foge muito disso, a Rússia já está escapando, alguns países da Europa também, é natural que na América do Sul se crie uma moeda para negociação, mesmo que seja de validade apenas interna, porque em negociações internas entre esses países o dólar impacta aqui. O dólar não é nossa moeda corrente, é uma moeda universal, tem o seu valor, mas do ponto de vista econômico é importante ter mesmo que internamente entre esses países da América Latina. Só que da forma com que o presidente Lula fez, o que era para acelerar um processo, acho que dificilmente no governo dele, isso caminha.  

- Primeiro, violência e ditadura não são narrativas, então o próprio presidente Lula entra numa contradição muito grande e vai pagar muito caro enquanto ele existir, por ter aceitado tal contradição. Ele atacou muito o ex-presidente Jair Bolsonaro falando que ele era um ditador, que queria dar um golpe, no fundo é verdade, Bolsonaro tinha vontade de fazer isso, mas se ele é contra o Bolsonaro fazer isso, ele não pode ser a favor de um cara que já faz isso. Um cara que já deu golpe de estado, um cara que não tem democracia, que persegue a imprensa e oposição, que “arrancou na mão grande” dos empresários as suas empresas, levou muita gente à falência, muita gente saiu da Venezuela, tem gente que está fora da Venezuela para não morrer de fome, mas tem gente que está fora da Venezuela porque não pode viver no seu próprio país porque o regime vai tomar o que ele tem, levar ele para a cadeia e pode até matar.

O Nicolás Maduro é um sanguinário, essa defesa que ele fez é um atentado e tem consequências daqui para frente. Ele está tentando se colocar em uma condição de estadista, que ia fazer negociações, mediar guerra, fazer uma série de coisas. Pessoas que fazem defesa de sanguinários, ditadores, não são convidados para negociações. Queira ou não ele trouxe um “arranhão” para a imagem do Brasil pelo tipo de defesa que fez. Ele poderia ter trazido aqui sem nenhum problema Nicolás Maduro, como qualquer outro presidente, mas sem pompas, sem louvação e sem discurso falso. Em toda a história do Lula esse é o maior escorregão que ele já tomou, e tomou pela soberba, alguém que passou pelo que ele passou, foi preso, voltou, chegou ao poder acha que tudo pode. Não, não pode tudo. Esse é um erro irreparável que vai custar caro enquanto ele existir como pessoa. 

- Com relação às derrotas que ele está tendo no Congresso é preciso ver a política nacional e que Congresso é esse. Temos um punhado de “louquinhos” de celular na mão que se dizem oposição, mas não são oposição coisa nenhuma. Oposição faz oposição ao governo, o que eles fazem é defender um processo ideológico, meramente ideológico, são extremistas que tudo o que precisam é destruir, manchar, macular o governo a qualquer custo. Porque eles querem que o ídolo, o mito deles, retorne ao poder, ou seja, não tem política de nada.

O que eles sabem de economia, absolutamente nada. São pessoas que vivem de narrativas, de fake news e de fazer lives. Na sequência disso temos o Centrão, esse é negociação. O lado do governo que tem fiel a ele e o Centrão depende de negociação. As derrotas foram porque ele ficou cuidando dos Maduros da vida. Se ele voltar para o Congresso para negociar, vai negociar com os Liras da vida e vai vencer todas as vezes, a não ser que ele enfraqueça politicamente a ponto de não ver isso. Mas todos os governos que permaneceram no poder fizeram isso. A Dilma perdeu porque não fez, foi brigar com o Eduardo Cunha. Se o Lula não brigar com o Arthur Lira, que é dinheiro, negócio, ele governa perfeitamente. Vai ficar os “louquinhos” gritando de um lado e ele negocia com o Centrão e a grande maioria e vai para frente. O Centrão está usando nesse momento os “louquinhos” para chantagear e negociar por um preço melhor. O que o Centrão está dizendo é “meu preço é esse”, por isso que não foi aprovado. Dinheiro entrando em caixa, o Centrão é governista, isso não é um grande problema e, diga-se de passagem, Lula sabe fazer muito bem.  

 

Onofre Ribeiro  

- Não podemos olhar as coisas pelo olhar deste momento. Todas as coisas, seja na política ou fora dela, há algo para trás. Em 1989 quando cai a União Soviética imediatamente aqui na América do Sul o Lula e o Hugo Chávez imediatamente fundaram o Foro de São Paulo, que seria um movimento latino-americano para formar uma nova União Soviética latino-americana, da qual o Lula seria o presidente. Tanto é que usando a Odebrecht distribuiu dinheiro na América Latina inteira, dinheiro do BNDES e a maioria não recebeu de volta, porque era preciso formar uma coalizão e o Brasil liderar. Isso foi o sonho dele, seria o Putin da atualidade. A Venezuela entrou em uma decadência muito grande com Hugo Chávez, com a entrada do Maduro, todos já sabemos.   

O Lula está querendo agora reaver o projeto da Unasul, ele não está dando mais o nome de Foro de São Paulo porque é um nome muito estigmatizado, mas a Unasul é a entidade que reúne os países da América do Sul e vão se juntar para formar de novo a ideia da república socialista sul-americana. 

A trazida desses presidentes a Brasília foi para isso, fazer renascer e dar um recado para os Estados Unidos: o Brasil está tomando o lado da Rússia e da China nessa nova geopolítica mundial. Tendo um bloco forte aqui, seria muito forte esse novo bloco da Rússia e da China, Coreia do Norte, Cuba e Irã. Estamos falando é de geopolítica, não tem gente tonta aí. O Lula tem ao lado dele o ex-ministro Celso Amorim que é o pensador de toda essa história e lá atrás já ajudou a montar tudo isso e no governo do Lula foi ministro das relações exteriores.  

- Então o que estamos vendo dessa aproximação, a trazida do Maduro para cá é pra mostrar um lado que o Brasil é um grande país, parceiro dos seus parceiros e ao mesmo tempo desmanchar essa imagem horrível que a Venezuela tem no mundo. Quando o Lula diz que foi uma narrativa, está dizendo isso. Para isso ele usou os presidentes dos outros países, que vieram aqui como fachada, para trazer o Maduro para o cenário de novo. Tanto é que de todos os presidentes que estiveram presentes, o único que foi recebido com honras militares e tapete vermelho, subiu a rampa do Palácio do Planalto, foi o Maduro. O presidente do Chile chegou a dizer que se sentiu usado dentro de uma estratégia do governo do Brasil de trazê-los para dar uma “moral” e referendar o Maduro.   

O custo político disso foi muito grande frente ao mundo e internamente no Brasil. A própria base do governo está dividida com essa facilidade que o Lula está caminhando para o socialismo. Queiramos ou não, temos que ser frios, estamos caminhando na direção do socialismo sim e se vingar a ideia da Unasul será a reativação do Foro de São Paulo. O desgaste político que trouxe para o Lula é incalculável, ele gastou metade do capital político dele aí sem resultado. E, obviamente usou a Dilma lá no Brics para mandar dinheiro para a Argentina e o Brics cortou. A ideia era mandar dinheiro para a Venezuela também, por isso que a Dilma foi para o Brics. Então, ele está tendo derrotas sucessivas, e podemos ficar certos que os Estados Unidos vão retaliar para evitar uma nova Rússia, uma nova União Soviética aqui no quintal deles.  

- Quanto ao Congresso é muito simples, ele está tendo derrotas e vai continuar tendo cada vez mais derrotas porque no mandato de 2002 ele comprou o Congresso com o mensalão, que foi o escândalo que teve na época. Comprou o Congresso inteiro e usou a Petrobras, Eletrobras, Fundos de Pensão e pagou à vista pelos Deputados e Senadores que apoiaram o governo, isso porque o Lula se elegeu, mas não tinha base parlamentar para sustentar o governo então comprou e teve o escândalo do mensalão. Hoje ele está fazendo a mesma coisa só que com as emendas parlamentares, a lei mudou e permite isso. O Congresso tem dinheiro hoje garantido em lei nas emendas parlamentares, pode não ser ético, mas é legal. Com isso ele não tem mais como comprar o Congresso, apenas liberar emendas próximo das datas e isso tem limite e o Congresso está formando uma noção de direita que não havia.   

Estávamos caminhando sem ter uma esquerda e uma direita consolidada e agora estamos consolidando as duas, então temos aí um clima de polaridade e disputa. A direita, como está sentindo ameaças de capital, ameaças na economia, ameaças de recessão e ameaças ideológicas, ela se organiza rapidamente. E a cartilha dela é a progressista, no sentido de progressismo, de andar para frente, de produzir capital, renda, etc. A esquerda tem uma cartilha dura e travada, é aquela crença já estabelecida.    

O Lula tinha em 2002, na retaguarda dele, figura muito poderosa do PT que tinham desde sempre, José Dirceu, José Genoino, Márcio Thomaz Bastos, Luiz Gushiken, Franklin Martins, João Paulo, eram nomes muito fortes que dava a ele uma estrutura de retaguarda. Governar o Lula nunca governou, o lance dele é ficar “voando”, aparecendo, é um marqueteiro. Mas essa retaguarda governava e essa retaguarda foi destruída no mensalão, totalmente. Sobrou o José Dirceu que está vivo, mas está bem distante porque ele ficou muito estigmatizado e foi afastado do centro das decisões. Não sobrou mais ninguém e o Lula não tem mais essa retaguarda de pensamento, de estratégia e de articulação política. Tem muita gente nova e inexperiente, seria naquele tempo o terceiro escalão do PT. O sujeito mais atuante que ele tem é o Flávio Dino que é do PCdoB e é um aventureiro, está ali para projeto pessoal e não para projeto do governo. É preciso considerar isso.  

O Lula ficou agora com o Senado, o Rodrigo Pacheco é um “poste” esperando uma vaga no Supremo, isso vai demorar 120 dias, que é o prazo que a Rosa Weber se aposenta e se o Pacheco não for premiado com o Supremo, ele vira totalmente contra o Lula porque ele não tem caráter nenhum. E, o Supremo está jogando um jogo, que não é o jogo do Lula é o jogo do próprio Supremo. Então, se colocarmos no tabuleiro de xadrez o Lula joga com pedras baixas, de pouco valor. As pedras de grande valor no xadrez não estão com ele e sucessivamente ele vai ter problemas com o Congresso, já está tendo problemas com a mídia e vai começar a ter problemas internos com “rachaduras” na indicação do seu ex-advogado Cristiano Zanin ao STF, que não era isso que o PT queria, na indicação do próximo que já tem três ou quatro candidatos, então, o cenário dos próximos meses não é bom politicamente, não há articulação com o Congresso porque falta no governo alguém capaz disso, o próprio Lula não é capaz porque ele nunca foi, lá atrás quem fazia isso não era ele. Sintetizo esse cenário com a palavra turbulência. 




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