• Cuiabá, 21 de Outubro - 00:00:00

FCDL: não vemos dificuldades, mas com certeza será um ano desafiador


Rafaela Maximiano

Sem vislumbrar dificuldades, mas um ano desafiador e de crescimento baixo, acima de 5%, para o comércio em Mato Grosso. Essa é a perspectiva do presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Mato Grosso (FCDL-MT), David Willian Correia Pintor, levando em consideração o cenário econômico e político vivido atualmente no país.  

“A cautela é principalmente por não saber que rumos a economia do país irá tomar”, pondera o presidente.  

As declarações foram feitas por David Pintor em entrevista ao site FocoCidade. Também foram abordados os temas: geração de empregos pelo comércio, carga tributária, Carnaval, comércio eletrônico, atuação da Federação e atração de investimentos para as cidades mato-grossenses.  

“O Estado de Mato Grosso é um dos que mais cresce no país e não tenho dúvida que neste ano vai crescer também. Mas ainda existe com relação à política e à economia do país uma apreensão. É momento de entender o que vai acontecer economicamente e politicamente, para saber o que fazer”, pontua David Pintor.  

Boa Leitura!  

Quais as perspectivas do comerciante mato-grossense diante do cenário econômico e político para este ano?  

Não vemos que teremos dificuldades, mas com certeza será um ano desafiador. É um ano que inicia com um novo Governo Federal e claro que todos ficam apreensivos, pois são situações que ainda estão por vir e não sabemos, temos que aguardar pelo menos mais dois meses para vislumbrar como vai ser.

Mas a expectativa para nós do comércio em relação à última pesquisa que fizemos é de um crescimento baixo, acima de 5%. O ano passado fechamos o ano com mais de 8% de crescimento só no comércio de Mato Grosso. Importante ressaltar que o Estado de Mato Grosso é um dos que mais cresce no país e não tenho dúvida que neste ano vai crescer também, pois, o próprio agronegócio ajuda a empurrar isso. Mas ainda existe com a relação política e econômica do país uma apreensão, as pessoas ainda estão aguardando para fazer investimentos, é momento de entender o que vai acontecer economicamente e politicamente no país para saber o que fazer.  

Querendo ou não as nossas políticas de desenvolvimento, por exemplo financiamentos, construção de moradias, o governo vai investir em obras no país, como será a política tributária, porque tudo impacta diretamente na vida dos empresários.  

Como está a geração de emprego advinda do comercio em Mato Grosso?  

Como ainda não sabemos, e ninguém sabe, o que vai ocorrer com a questão política e econômica do país, todo mundo está segurando os investimentos, está segurando a contratação de mão de obra. A cautela é principalmente por não saber que rumos a economia do país irá tomar. Mas se olharmos em relação ao ano passado, o Estado de Mato Grosso teve só no comércio mais de duas mil contratações. Foi um saldo positivo de contratações no Estado inteiro. O comércio depois da pandemia voltou a crescer novamente e está empregando. Agora para este ano, ainda estamos aguardando os números de janeiro e também do IBGE, mas avalio que ainda é receoso falar o que vai acontecer. Hoje a contratação que ocorre é só por necessidade. Contratam porque estão estrangulados, mas não pensando em um investimento que será feito para um aumento de vendas, ainda não. 

O feriado sempre atrapalhou qualquer atividade econômica, seja comércio ou indústria.

Apesar de o Carnaval não ser um feriado, Estados e Municípios declararam feriados locais ou ponto facultativo. Um ponto de constante reclamação dos lojistas e comerciante. Para este ano, foi definido o ponto facultativo em Mato Grosso. Essas datas atrapalham o comércio realmente ou não?  

O feriado sempre atrapalhou qualquer atividade econômica, seja comércio ou indústria. O ponto facultativo impacta com certeza, mas bem menos que o feriado. O setor privado sempre que possível abre as portas, a gente brinca: “o boleto de contas a vencer não quer saber se é feriado”. Ele vai vencer naquele dia e tem que pagar do mesmo jeito. Para nós estarmos de portas abertas independente do dia é sempre bem-vindo. Importante salientar que nessa data, que funciona como ponto facultativo, então teremos vendas.

E, o Carnaval também é uma data, que em anos anteriores não movimentou o comércio, mas movimentou outras atividades à exemplo da parte hoteleira, o turismo, a gastronomia, então datas como estas ajudam de certa forma esses setores. Agora, depois de algumas mudanças nas regras deram permissão para que o comércio esteja de portas abertas. Consideramos essa mudança de extrema importância para que possamos estar com as atividades funcionando normalmente.  

Como está a carga tributária em nosso Estado, existe uma agenda para tratativa com o governo estadual?  

Olha, a carga tributária, seja ela de qualquer natureza, Estadual, Federal ou Municipal, sempre estamos envolvidos nessa pauta. Existe sim alguns estudos e é constantemente tratada nas nossas reuniões. Com o Governo do Estado sempre somos bem recebidos, mas para sentar para conversar temos que apresentar estudos.

Não tem como sentar para conversar com o Estado sem propor uma solução. Temos feito estudos, apresentado para o Governo do Estado algumas questões que entendemos serem importantes no âmbito do comércio para diminuir os custos de operação e as alíquotas de ICMS, só que demanda também um tempo a mais para análise. Já temos algumas pautas apresentadas e discutidas que ainda estão seguindo os trâmites, para depois vermos se conseguiremos implementar em Mato Grosso.

Avaliamos também que se houver uma reforma tributária nacional, automaticamente impacta em nosso estado também, pois se aprovada uma nacional o que estamos discutindo aqui no Estado vai mudar. No âmbito federal também nós temos discussões e participamos das comissões que tratam desse assunto da reforma nacional. Temos diretores da FCDL que participam dessas comissões e temos a Confederação, além de um órgão interno da nossa instituição que faz esse acompanhamento em tempo real de todas as pautas envolvendo esse assunto, além de fazer um levantamento de todos os assuntos envolvendo o comércio.   

As cidades mato-grossenses estão atrativas a novos comerciantes, novos empreendedores?  

Nem todas. Temos alguns municípios que fazem sim algumas coisas bem diferentes dentro do Estado de Mato Grosso para chamar a atenção de grandes investidores e isso nós vemos no número de crescimento dos municípios. Tem município que cresce muito mais que outros aqui no Estado, e, justamente é um trabalho feito de atração de investimentos que contempla indústria, comércio, atacadista, parte do agro, mão de obra especializada, é um conjunto de fatores e realmente temos municípios que se destacam tendo em vista a cultura, a política, de levar algo importante para o município.  

Na pandemia se falou que a forma de venda presencial iria mudar radicalmente e a venda online ou comércio eletrônico, delivery, mudariam a forma de consumir. Ocorreu isso em Mato Grosso? As empresas investiram em sites e tecnologia?  

A pandemia foi um divisor de águas com certeza para todas as atividades econômicas. Tivemos empresas que não puderam ter suas atividades em funcionalidade e outras que se destacaram e partiram para o e-commerce e plataformas digitais. Uma grande parte das empresas migraram para isso e era a única forma do público estar comprando naquele momento e se habituou.

Porém, uma pesquisa recente que fizemos, justamente para a campanha de Natal, verificou-se ainda que uma grande parcela dos consumidores mato-grossenses opta pela compra presencial. Ele quer ir na loja e pegar no produto. Outra coisa, quando ele vai comprar na loja já sai com o produto e vai para casa, não espera como a compra online. Outra característica é que o nosso consumidor compra por necessidade e prefere ir presencial pois já leva o produto. Agora, quando não tem essa necessidade, por exemplo um celular, ele vai fazer cotação e olhar na internet, mas mesmo assim em muitos casos ele opta por comprar presencialmente. É o que apontou a pesquisa. 

Como é a atuação da FCDL em favor dos lojistas mato-grossenses e o que eles podem esperar para este ano?  

Este ano iremos fazer várias campanhas, está no nosso planejamento, mas importante falar que nenhuma delas ocorre só por vontade da Federação. Se o empresário não comprar a ideia e não abraçar, ela não sai do papel. Importante falar que nossas entidades não recebem nenhum recurso público ou do Sistema S. Nossos recursos são provenientes de produtos vendidos – vamos falar assim.  

Nós temos aí mais de CDLs no Estado de Mato Grosso e ouvimos diretamente os empresários. A ideia é sempre levada aos presidentes das CDLs do Estado e colocamos em votação. Se o comércio fala não, a gente não faz. Se falam sim, a gente faz. Todas as nossas campanhas são assim, diretamente conversado com o empresário lá na ponta.  

O principal papel da Federação é defender o empresário no âmbito estadual. Por exemplo, propor leis, diminuir impostos, algo que possa trazer impacto direto na vida dos nossos empresários no Estado de Mato Grosso. O nosso contato direto é com as CDLs e elas fazem o contato direto com os empresários. A Federação houve a CDL porque é ela que está lá no município, por exemplo, lá em Água Boa, em Confresa, e trazem a demanda desses empresários que estão lá. Conforme a necessidade agilizamos agendas para esses empresários aqui na capital.   

Atualmente, não temos restrição para o tipo de empresa se aproximar da CDL. Já existiu no passado restrição com prestador de serviço, mas por conta da legislação. Houve alteração dessa legislação brasileira e permitiu que ele pudesse acessar as nossas entidades. Temos hoje mais de 50 mil associados no Estado de Mato Grosso e 90% são de pequenos empresários, MEI, Simples, por exemplo. 




Deixe um comentário

Campos obrigatórios são marcados com *

Nome:
Email:
Comentário: