Rafaela Maximiano - Da Redação
Para o senador Jayme Campos, o governador Mauro Mendes “tem reais e amplas chances de disputar a reeleição”. E, em uma eventual reeleição, Mauro Mendes deverá contar com o apoio do parlamentar, afirmando que "o DEM não irá deixar de ter um candidato próprio e viável eleitoralmente em detrimento de outras siglas".
Jayme Campos concedeu entrevista ao FocoCidade e avaliou as gestões de Kalil Baracat, Emanuel Pinheiro e do governador Mauro Mendes. Sobre o cenário político em que Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro têm se colocado como eventuais adversários, afirma “que essa é uma questão que deve ser avaliada por ambos e cabe a eles decidirem qual o melhor caminho a ser seguido”. Porém, alerta que “quem terá a palavra final é o eleitor na próxima escolha”.
Na Entrevista da Semana também falou sobre a situação de pandemia no Brasil, a CPI da Covid, os trabalhos do Conselho de Ética no Senado no qual é presidente, além das emendas destinadas a Mato Grosso ainda para este ano.
Jayme Campos é ex-senador, ex-governador de Mato Grosso e ex-prefeito de Várzea Grande. Diante da experiência política de 35 anos também avalia as decisões políticas e o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro frente à pandemia da covid-19.
“Vejo com preocupação o fato de o presidente da República politizar este assunto, assim como tudo que ele faz, mas também, não podemos desconhecer que existem outros interesses que não apenas as vacinas e sim, políticos, econômicos e sociais que necessitam ser avaliados e ponderados”.
Boa leitura!
O senhor é um dos parlamentares que mais consegue destinar recursos para Mato Grosso. Ainda para este ano de 2021, quais as prioridades para o Estado?
Acho que a boa relação construída por nós em dois mandatos de senador da República, bem como governador Mato Grosso e prefeito por três mandatos de Várzea Grande, me permite compreender de forma mais clara as necessidades que os gestores públicos têm e a capacidade do legislador em encaminhar projetos de Lei e pedidos de emendas que assegurem o desenvolvimento, aliada a geração de emprego e renda.
Como meus pedidos são calcados em projetos resolutivos temos obtido a liberação de recursos principalmente para obras e áreas essenciais como saúde, educação e social. Acredito que neste ano de 2021 atingiremos mais de R$ 100 milhões em emendas autorizadas, lembrando que apenas o trabalho de senador não resolve, pois, os gestores públicos têm que apresentar os projetos necessários para que as emendas se tornem realidade. Estimo que entre 2019, 2020 e agora 2021 serão mais de R$ 500 milhões em emendas.
Agora reputo como fundamental, projetos de Lei como o que concedeu prazo para recolhimento do FIES assegurando aos estudantes fôlego para pagar seus compromissos com o Governo Federal e trabalho de articulação como o que renegociou as dívidas externas de Mato Grosso e que resultaram na atual condição extremamente favorável ao Governo Mauro Mendes de sobra de recursos em caixa. Foram mais de U$S 350 milhões ou mais de R$ 1 bilhão renegociados e repactuados, o que promoveu uma folga no caixa do Tesouro de Mato Grosso.
O governo federal tem sucessivamente adotado medidas errôneas que necessitam sim ser investigadas, mas com isenção e Justiça, o mesmo em se tratando de estados e municípios.
Sobre a situação de pandemia que o país vive. Mesmo após um ano, os governos ainda estão politizando as ações. Qual seu posicionamento?
Que os gestores públicos deixassem de lado a politização, o momento que pandemia pede união e que essa fosse a marca deste novo Brasil, um país com mais justiça e mais correto com sua população. Não falo aqui em passar a mão na cabeça e esquecer os erros cometidos e sim em assimilar o momento e decidir o que for melhor para todos. Erros cometidos sem dolo, sem má-fé não podem e não devem nortear eventuais investigações ou punições. Agora, punir quem errou de propósito é outra coisa e o governo federal tem sucessivamente adotado medidas errôneas que necessitam sim ser investigadas, mas com isenção e Justiça, o mesmo em se tratando de estados e municípios.
Se o governo federal trabalha com a CoronaVac/Butantan; Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca e os Estados querem contratar a Sputnik V/Gamaleya que estaria disponível, que cada um assuma pelas suas atitudes erros e acertos e a população saía disto e ajude a adotar as medidas que se mostrarem mais eficientes para a saúde da coletividade. Até porque ainda iremos ter outras opções de vacinas como a Moderna e a Janssen da Johnson&Johnson, sem contar outras que estão se apresentando inclusive a ButantanVac que seria totalmente brasileira com tecnologia americana.
Acho que o momento é de buscarmos soluções para a crise. Controlou a pandemia e a covid-19, aí iremos pautar e ver erros e acertos cometidos, pois a conta está ficando cara e não é só de economia, são vidas humanas e o desenvolvimento prejudicado, o que representa dizer, menos emprego, menos renda e maior pobreza.
Quem errou pague pelos erros do tamanho deles.
A CPI da covid contra o presidente Bolsonaro que está ocorrendo atualmente no Senado. Já é possível fazer uma avaliação dos trabalhos?
Este questionamento nos remete a pergunta anterior, pois agora o momento não é de ficar apontando culpados e sim de focarmos na solução da crise, da pandemia e do controle da covid-19. Se o presidente e sua equipe erraram que arquem com seus erros e sejam punidos como tal. Se governadores erraram que o tratamento seja igual, arquem com suas consequências e sejam punidos e o mesmo acontecendo com prefeitos, secretários, legisladores, enfim todos, independente da condição. Agora ficar em busca de um culpado, enquanto a doença bate à porta de todos, faz cada dia mais vítimas e maiores prejuízos, é não querer ajudar ou encontrar a solução. E olha que não estou falando aqui em não investigar, não punir, perdoar, estou falando em solução para a crise contra a pandemia da covid-19 e depois a punição nos casos que se demonstraram concretos. Caça às bruxas em nenhum local do mundo e da história atingiu os resultados esperados. Quem errou pague pelos erros do tamanho deles, pois temos uma pandemia desconhecida da ciência e da medicina e todos buscam o que existe de mais real na atualidade que é a informação verdadeira, que norteará as soluções que todos esperam. Agora, defendo que punições levem em consideração se o gestor errou por desconhecimento ou errou por má-fé, neste caso a punição tem que ser exemplar, pois estamos falando de vidas humanas perdidas.
Defendo que o presidente convoque o Conselho da República para este momento de crise e adote medidas que sejam validas em todo o Brasil.
Como o senhor analisa essa posição do presidente da República “de críticas e ataques” à China que é um dos maiores fornecedores de insumos na área de saúde inclusive para a produção da vacina CoronaVac, e agora começam inclusive a estar escassos para aquisição?
Ele é o presidente da República e seus atos sempre serão contestados. É difícil, na atualidade se ter unanimidade de posições, ainda mais quando se confunde uma questão mundial de uma pandemia com questões políticas, somadas a questões econômicas, pois ninguém está dando vacina de graça, tudo tem um custo, interesses internacionais, ações de bolsas de valores, bilhões de dólares em investimentos entre outras nuances que envolvem todo este imbróglio gerado pela covid.
A China hoje é o maior parceiro comercial do Brasil, portanto, eles tem interesses em nossos produtos, seja do agronegócio, seja do aço, do ferro, minérios, enfim estamos no radar dos chineses e eles tem algo hoje fundamental para o mundo, matéria prima para produzir a vacina CoronaVac, lembrando que sozinhos eles já aplicaram 500 milhões de doses de vacinas e como são duas doses por pessoa e eles tem 1,5 bilhão de pessoas estamos falando em 3 bilhões de doses, portanto, por mais que eles tenham capacidade de produzir, também tem deficiência e precisam atender a demanda interna e externa.
Vejo com preocupação o fato de o presidente da República politizar este assunto, assim como tudo que ele faz, mas também, não podemos desconhecer que existem outros interesses que não apenas as vacinas e sim, políticos, econômicos e sociais que necessitam ser avaliados e ponderados.
Defendo que o presidente convoque o Conselho da República para este momento de crise e adote medidas que sejam validas em todo o Brasil para que juntos e unidos possamos encontrar uma maneira de sobrepor as adversidades e vencer a pandemia da covid, pois o Brasil sempre foi um país amistoso e de relações abertas com todos os demais e isto nos tornou uma potência que precisa voltar a surgir como esperança para milhares de brasileiros.
A China assim como a Rússia, Estados Unidos entre tantos outros sempre serão parceiros do Brasil, mas temos nossa independência e precisamos mantê-la intacta. No mundo globalizado o que não faltará são interessados em comprar e vender para o Brasil, independente da política do governo que estiver no exercício de mandato.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal tem 16 representações paradas contra parlamentares desde 2019. Destas, oito são contra o senador Jorge Kajuru, e duas contra o senador Flávio Bolsonaro. É possível adiantar se teremos resultados ainda este ano dessas representações? Como estão os trabalhos?
Primeiro de tudo, o Senado Federal é uma Casa Legislativa. Existe para fazer leis e representar os Governos dos Estados enquanto os deputados representam o povo, então ali não estamos para julgar ninguém, este é o papel da Justiça, ainda mais em uma democracia.
Segundo, eu estou presidente do Conselho de Ética, mas não decido sozinho. Ali são votos de vários parlamentares que ainda precisam ter sua decisão referendada ou não pelo Plenário que é soberano e contempla a opinião dos 81 senadores, ou seja, três senadores por cada Estado têm que se manifestar.
No tocante aos senadores Jorge Kajuru e Flávio Bolsonaro, ambos vivem momentos interessantes na vida política da nação. O primeiro é um homem de imprensa e no seu primeiro mandato, que está sendo responsabilizado pela crítica que faz a membros de outros poderes ou a acusações. Se você pune um legislador por suas palavras você fere o princípio da liberdade de expressão, mesmo na minha compreensão pessoal o fato de você ter um mandato não lhe dá o direito de falar o que quer.
Já o senador Flávio Bolsonaro tem contra si, acusações e denúncias oferecidas pelo Ministério Público de possíveis crimes de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito supostamente cometidos enquanto deputado estadual pelo Rio de Janeiro e não enquanto senador.
Veja que são casos complexos em que a própria Justiça não se definiu, tanto que temos decisões de Tribunais Superiores descartando a materialidade delitiva.
Enquanto presidente do Conselho de Ética cumpri o meu papel e recebi as denúncias formalizadas e imediatamente encaminhei as mesmas para a Consultoria Técnico Jurídica da Mesa Diretora para parecer e posterior devolução para ser apresentada aos membros do Conselho de Ética para votação.
Como fomos surpreendidos por uma pandemia que paralisou as atividades presenciais do Senado, retomadas online ou remotamente e como acredito que se trata da perda de mandato de alguém eleito pela vontade popular, é preciso uma avaliação mais prudente, presencial e da maioria, sem deixar que alguns sejam levados pela questão partidária ou eleitoral que se aproxima.
Como o senhor avalia a gestão do prefeito Kalil Baracat, nesses cinco meses de gestão?
É um jovem político promissor, com chances de fazer uma brilhante carreira política e administrativa. Tem demonstrado desde quando secretário da então prefeita Lucimar Sacre de Campos e agora como prefeito, ter bom senso nas opiniões e decisões e principalmente ter compromisso com Várzea Grande e com sua população.
Acredito e tenho convicções, de que já demonstrou que será um grande prefeito e vai avançar ainda mais nas áreas mais problemáticas como do abastecimento de água, pavimentação asfáltica, geração de emprego e renda, saúde, neste momento de pandemia, educação, social entre outros.
Ninguém falou durante as eleições que seria um mar de rosas e tudo muito fácil, mas Kalil Baracat é a pessoa certa, no local certo e no momento certo e Várzea Grande vai reconhecer isto ao findar do seu mandato quando grandes barreiras e problemas terão sido vencidos e a qualidade de vida vai imperar em nossa cidade, pois assim como eu e como a Lucimar, Kalil tem compromisso com Várzea Grande e veio para trabalhar dentro da lei e da ordem.
No que depender de nós, enquanto senador da República, ele terá mais do que respaldo e apoio, ele terá condições para realizar um grande trabalho em prol da cidade que igual a ele, foi nosso berço, sempre será nossa casa e por ela e sua gente dedicaremos todo nosso esforço.
Quem aponta os erros e terá a palavra final é o eleitor na próxima escolha.
E, quanto à administração do prefeito Emanuel Pinheiro, qual sua avaliação? E, algumas pessoas acreditam ainda em uma reaproximação entre Emanuel e o governador, o senhor acha possível?
Mais do que minha avaliação, Emanuel Pinheiro é um bom político e gestor, tanto que enfrentou as urnas e demonstrou ter a aprovação da maioria da população que votou nele para mais quatro anos de mandato. Temos visto obras estruturantes que se demonstram fundamentais para o desenvolvimento de Cuiabá e para o bem-estar de sua população. Agora, no que diz respeito às posições políticas adotadas por ele, algumas eu consideraria acertadas outras não, portanto para mensurar os atos dele enquanto prefeito ou político tenho que levar em consideração a vontade da maioria que apoia ele.
No tocante a aproximação dele com o Democratas, partido ao qual pertenço assim como o governador Mauro Mendes que tem se colocado como adversário de Emanuel Pinheiro, essa é uma questão que deve ser avaliada por ambos.
Cabe a eles decidirem qual o melhor caminho a ser seguido. Só alerto para ambos, se é que posso falar, do alto dos meus seis mandatos eletivos que ao ser concluído somarão 35 anos de exercício pleno, que as pessoas esperam dos seus governantes muito trabalho e compromisso para com elas enquanto sociedade e não para opiniões particulares quanto aos erros dos outros. Quem aponta os erros e terá a palavra final é o eleitor na próxima escolha.
Qual avaliação que o senhor faz da gestão do governador Mauro Mendes?
Enquanto governador de Mato Grosso é um gestor que se encaixa na resposta anterior, ou seja, tem compromisso. Cumpre com aquilo que assume e tem feito o melhor por Mato Grosso e sua gente. É claro que um governo depende de uma série de questões, como por exemplo a pandemia. Qual seria o quadro atual sem a pandemia? Como estariam as finanças públicas e as obras e ações? Estes são questionamentos que não teremos como responder, mas veja que é um governo de realizações e focado para Mato Grosso como um todo, pois boa parte da população não sai dos grandes centros então não conhece a realidade do Estado e os esforços que o Executivo Estadual tem que fazer para atender todas as demandas.
Na minha compreensão enquanto cidadão de Mato Grosso que conheço e vivo o Estado diariamente, vejo o governo Mauro Mendes como realizador, após anos de paralisia e de momentos políticos desastrosos, lembrando que ser governo não é poder fazer tudo e sim fazer aquilo que está ao alcance da lei e dentro da realidade econômica.
Qual a posição do senador Jayme Campos frente a uma possível reeleição de Mauro Mendes ao Governo do Estado? O senhor já tem definido seu apoio político?
Primeiro de tudo sou democrata na essência da palavra, nos meus atos e também no meu partido. Mauro Mendes veio para o DEM com uma proposta que o levou para o Governo de Mato Grosso e tenho visto a dedicação dele em fazer o melhor pelo Estado e por sua gente. Ele ponderou ao partido que tem reais e amplas chances de disputar a reeleição e ele vai ter o apoio do partido e nosso, pois não iremos deixar de ter um candidato nosso, que é viável eleitoralmente por questões de relacionamento partidário com outras siglas.
Sou favorável a disputa independente do resultado, a vitória sempre será melhor que a derrota, mas precisamos aprender a ouvir o clamor das ruas. Na atualidade o DEM se destaca pela gestão Mauro Mendes e pode disputar ou não as eleições. Agora, ainda é cedo para se falar em eleições. Nem bem saímos de uma disputa municipal que foi sacudida e alterada pela pandemia da covid-19 e nem bem vencemos a doença e já estamos falando em eleições, o que acirra ânimos e acaba tirando o foco de gestões que precisam estar focadas na união e no resultado pró-população.
Se ele disputar pelo DEM estaremos juntos e somando, pois acreditamos em Mato Grosso, em sua gente e no valor do trabalho em prol da maioria.
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